Aprendizado contínuo, um desafio a ser encarado todos os dias
Há três métodos para ganhar sabedoria: primeiro, por reflexão, que é o mais nobre; segundo, por imitação, que é o mais fácil; e terceiro, por experiência, que é o mais amargo.
Confúcio, pensador e filósofo chinês.
A contribuição de Confúcio para a base do conhecimento da humanidade é incontestável. A maior prova disso é continuarem válidas, em 2023, as ideias de um homem que viveu entre 552 a.C. e 489 a.C. Eu gosto, porém, de lembrá-lo por seu título, a frase que ficou cunhada em seu túmulo: “Senhor Propagador da Cultura, Sábio Supremo e Grande Realizador”.
Interessante, não? A parte que o chama de “Realizador” me encanta. Concebeu ideias que valiam a pena, colocou-as em prática, ensinou outros, possibilitando assim criar novos “professores” munidos da mesma atitude.
Nessa linha, foi certamente obrigado a praticar, aprender continuamente algo muito parecido com o desafio que enfrentamos nos dias de hoje: fazer rodar, em nossas carreiras e nas organizações, a Aprendizagem Contínua, o espírito de Lifelong Learning, a capacidade de aprender durante toda a vida.
Ideia excelente, cuja consequência para as empresas é a necessidade de desenvolver programas de Educação Continuada que mantenham os colaboradores no “estado da arte” das estratégias, táticas e técnicas típicas de cada negócio.
Escrevi anteriormente e repito porque tenho convicção: já temos massa de informação suficientemente discutida sobre a necessidade imperiosa de qualificar continuamente, preparar constantemente para o trabalho, nas necessárias Hard Skills (aprendizado de técnicas e ferramentas de trabalho) e Soft Skills (comportamento, comunicação, relacionamento interpessoal). Está mais do que na hora de colocá-la em prática. Há diferentes formas de implantar esse conceito. A mais organizada que conheço – e que defendo como a mais efetiva – é a Universidade Corporativa. Implantei pelo menos três grandes projetos como esse. Tive a oportunidade de aprender com acertos e erros.
As UC’s, como são também conhecidas, têm a vantagem de reunir numa plataforma única os títulos de treinamento e desenvolvimento alinhados com a estratégia, a tática e a operação da empresa. Cria, disponibiliza e difunde conhecimentos que têm a ver com o dia a dia do negócio, logo, com alta capacidade de produzir resultados.
Faço uma observação sobre o processo de implantação, uma daquelas que aprendi com os grandes amigos que são os erros: antes de pensar nos títulos que comporão a grade de treinamentos e cursos, é necessário entender quais são as Competências (assim mesmo, com letra maiúscula) que os diversos níveis da organização precisam possuir para fazer o negócio funcionar.
Meu plano de trabalho para a implantação seria – resumidamente – assim:
- Definir e difundir, de forma clara, os objetivos estratégicos da organização. É trabalho para a alta direção;
- Determinar quais são e como contribuem para os resultados do negócio, cada nível funcional da empresa. Na prática, significa ter um organograma e um mapa de processos que “conversem” um com o outro;
- Definir as competências necessárias para que cada nível desempenhe bem o seu papel. Isso pode ser feito – individualmente – numa bem escrita descrição de cargos. Em nível organizacional deve ser criado um modelo de competências, que represente o conjunto da empresa;
- Realizar o assessment do time de líderes, identificando o nível de manifestação de cada um em relação ao modelo de competências definido. Há ferramentas que, aliadas à entrevista de evento comportamental, produzem um resultado grande assertividade;
- Capacitar o time de líderes nas competências que precisam desenvolver. Esse grupo, por sua vez, capacita os demais. Recomendo que essa capacitação seja o capítulo de estreia da universidade corporativa.
Tendo concluído com sucesso esse conjunto de condições, aí, sim, estamos prontos para montar a grade de títulos que comporão a UC.
Essa sequência de implantação serve tranquilamente para ser usada em uma organização. Se pensarmos na implantação num setor da atividade econômica, como o nosso, o portuário, por exemplo, ela também é possível, se levarmos em consideração as complexidades adicionais vindas das diferenças entre os diferentes tipos de operadores portuários (suas atividades, tamanho, formato da operação), as regionalidades (são muito “brasis” dentro do nosso País) e as vocações de cada porto que a compõe.
Uma aventura desafiadora, que envolverá reflexão, imitação e experiência como “Confúcio diz …”