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Hudson Carvalho

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Inteligência artificial é coisa de porto? E os empregos, como ficarão?

“Para não ser substituído por um robô, não seja um robô”.

Martha Gabriel, ícone multidisciplinar nas áreas de negócios, tendências e inovação, uma das principais pensadoras digitais do Brasil

Em nossa consultoria, produzimos soluções que otimizam processos de trabalho em todas as áreas da organização, em especial nos subsistemas de Recursos Humanos.

Somos especialmente fortes na área de Remuneração. É um tema para lá de atraente, desafiador, mas árduo sob diversos aspectos. Um deles – um dos primeiros passos para um bom Projeto nesse tema – é a elaboração das Descrições de Cargo. Para que sejam bem feitas, é preciso investir tempo na realização de diversas entrevistas, na elaboração de textos, envolver pessoas com expertises diferentes e … falando o português claro, são essenciais, mas chatas de fazer.

Há alguns dias uma pessoa de nossa Equipe, uma jovem brilhante que coordena nosso Setor de Informações Estratégicas, me enviou esse link – https://youtu.be/fsqn5HK0W0A. O pessoal de RH vai adorar. Nele, o apresentador mostra como usar o ChatGPT para fazer as tais Descrições. De forma rápida, fácil de usar e, melhor do que tudo, funcionará se soubermos aliar “inteligência natural” aliada a Inteligência Artificial.

Esse episódio me fez voltar a pensar na questão de fundo que não pode deixar de ser considerada quando olhamos para os inúmeros benefícios que o universo da automação e automatização podem nos trazer: O que acontecerá com os postos de trabalho tradicionais no Setor Portuário?

Serão afetados, não tenha dúvida. Haverá redução? Sim, embora ainda seja difícil de calcular de quanto será.

Duas afirmações, porém, já podem ser feitas sem medo.

A primeira é que estamos num caminho sem volta. Por quê? 90% do comércio mundial são feitos através do modal hidroviário, logo, envolvendo portos e navios. São sistemas globais, interligados, complexos em cada um de seus elos. Uma coreografia complexa que inclui grandes custos e velocidade. A expressão “Tempo é Dinheiro” nunca foi tão bem aplicada. Não há tempo a perder e não podemos ser o “gargalo”, sob pena de perdermos carga para outros Portos que não o sejam.

A segunda, é que o perfil da mão de obra envolvida mudará radicalmente. Há estudos que estimam que a automação portuária seja capaz de reduzir em até 85% a mão de obra humana. Cada vez mais estaremos focados em produtividade. Os acidentes de trabalho diminuirão radicalmente.

São constatações que nos levam à pergunta: Haverá lugar para mim nesse futuro mercado de trabalho??

Ouso dizer que para a grande maioria, sim, SE, sempre há um SE, houver uma mudança imediata na forma de pensar os processos de trabalho. Mais do que isso, uma mudança radical na forma de pensar o binômio produtividade-custo.

SIM, porque para automatizar processos é preciso antes de mais nada conhecê-los em detalhes pormenorizados a forma como são feitos atualmente, sermos capazes de atuar sobre eles, otimizando-os e só então automatizá-los. Isso nós sabemos fazer. É necessário apenas que tenhamos a atitude certa perante esse cenário, buscar requalificação que nos leve a entender bem, como, quando e por que fazemos cada atividade. De novo, qualificação formal, estudo é apenas parte da solução. O grande desafio é reunir tempo e coragem para sairmos, cada um de nós da Zona de Conforto na qual cada um de nós possa ainda encontrar-se. Quanto maior a possibilidade de sermos afetados, maior a urgência em reagir.

Então, e só então, vamos pensar em introduzir os elementos que finalmente irão nos levar a automação/automatização plena: 5G, I.O.T. – Internet das Coisas, Inteligência Artificial, Cloud Computing (armazenar e proteger dados é fundamental) e por fim os Robôs Logísticos (os veículos autônomos – equipamentos – esse sim – os reais substitutos da mão de obra tradicional).

Dá um frio na espinha, não dá? Mas nós, mulheres e homens do Porto, não devemos nos assustar com esse cenário. Primeiro porque não é de nosso feitio, segundo, pois nos últimos anos saímos do controle absolutamente manual e passamos a usar os T.O.S. – Terminal Operating Systems, implantamos O.C.R., VTMIS, Simuladores de Treinamento, QR Code, automatizamos carregamento/descarregamento/pesagem de granéis, digitalizamos e controlamos a documentação que acompanha os processos aduaneiros. E vencemos, com trabalho e capacidade de planejamento.

Um último ponto para nossa reflexão: o tempo é escasso, mas não tanto que nos impeça de criar soluções, cuidar, para aqueles Portuários os quais, apesar de terem nos trazido até onde estamos, não terão tempo e idade para requalificar-se a tempo de acompanhar essas mudanças.

Esse é outro desafio, para um outro Artigo. O qual, com capacidade de negociação, venceremos também. Como costumo dizer para aqueles próximos a mim: Não deixamos ninguém para trás.

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TAGS Martha Gabriel pessoal de RH Recursos Humanos

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