Multimodalidade: O Caminho para a Eficiência Logística e Sustentabilidade
A discussão sobre a expansão do transporte multimodal de cargas no Brasil, que ocorreu no painel “Corredores logísticos e multimodalidade”, durante o Sudeste Export 2023, trouxe à tona questões cruciais para o desenvolvimento econômico e sustentável do País. Os obstáculos enfrentados nesse campo, como burocracia e tributação excessivas, não apenas afetam a eficiência logística, mas também têm implicações diretas na pegada ambiental das operações de transporte.
A burocracia associada à documentação em operações multimodais é um desafio real que desencoraja os operadores de carga. Simplificar os processos e estabelecer um sistema mais eficiente e unificado de registro de documentos é fundamental para atrair mais players para essa modalidade de transporte. Nesse sentido, a remodelação do Documento Eletrônico de Transportes (DT-e) é um passo na direção certa, com o objetivo de criar um documento único e reduzir a carga administrativa sobre as empresas.
Outro ponto de destaque é a questão tributária, especialmente a bitributação, que ainda não está totalmente resolvida no contexto das operações multimodais. A simplificação e a harmonização das regras fiscais são cruciais para criar um ambiente favorável ao crescimento dessa modalidade de transporte. A recente aprovação pelo Confaz da integração das bases de dados estaduais ao DT-e é um exemplo positivo de como a cooperação entre os órgãos pode contribuir para a redução da burocracia e dos custos.
A multimodalidade não é apenas uma questão de eficiência econômica, mas também uma questão de sustentabilidade. A integração de diferentes modais de transporte não só melhora a eficiência logística, mas também reduz a pegada ambiental das operações. Isso é evidente quando comparamos a capacidade de carga de um vagão ferroviário com a de um caminhão. O transporte ferroviário pode transportar uma quantidade significativamente maior de mercadorias com uma pegada ambiental muito menor.
A multimodalidade não deve ser vista apenas como uma opção de transporte, mas como uma estratégia fundamental para o futuro do Brasil. Ao integrar de forma eficaz os modais de transporte, podemos melhorar a eficiência da logística, reduzir custos, aumentar a competitividade e, ao mesmo tempo, promover práticas mais sustentáveis.
Para que isso se torne uma realidade, é necessário um esforço conjunto do setor público e privado, bem como políticas públicas que incentivem e facilitem a multimodalidade. Além disso, é fundamental que haja uma visão de longo prazo, que leve em consideração não apenas os desafios atuais, mas também os benefícios a longo prazo que a multimodalidade pode trazer para o Brasil, tanto em termos econômicos quanto ambientais.
Em um mundo cada vez mais preocupado com as mudanças climáticas e a sustentabilidade, a multimodalidade é uma peça-chave para construir um futuro mais eficiente, competitivo e verde. É hora de abraçar essa abordagem e desbloquear todo o potencial que ela oferece para o Brasil.