
Entre as iniciativas de maior impacto da Santos Brasil, está a substituição de todos os RTGs (guindastes de pátio) movidos a diesel no Tecon Santos por modelos elétricos até 2031 (Foto: Divulgação/Santos Brasil)
Porto de Santos
Sustentabilidade no Porto de Santos: desafios e soluções para o futuro
Diante dos impactos das mudanças climáticas, setor público e privado investem em infraestrutura e redução de emissões para garantir eficiência portuária
O Porto de Santos, por ser o maior do país, tem papel essencial nas transformações portuárias que levarão a práticas mais sustentáveis. Um relatório da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) aponta que o cais santista pode ser um dos mais atingidos pelas mudanças climáticas nos próximos anos. Por isso, a adoção de medidas que previnam tais efeitos é urgente.
Essas mudanças também envolvem o setor privado. Empresas que atuam junto ao porto ou dependem dele também estão se adaptando e promovendo práticas de sustentabilidade.
O relatório Levantamento de Risco Climático e Medidas de Adaptação para Infraestruturas Portuárias, publicado pela Antaq em 2023, enfatiza a necessidade da gestão contínua de riscos, destacando que os custos da inação podem ser mais altos do que a implementação imediata de medidas.
Por outro lado, o documento também aponta que a aplicação da metodologia PIEVC (sigla em inglês para Protocolo do Comitê de Vulnerabilidade da Engenharia de Infraestrutura Pública) foi essencial para que o Porto de Santos compreendesse os riscos climáticos aos quais está exposto e identificasse medidas de adaptação para aumentar a resiliência das infraestruturas e minimizar impactos adversos.

Entre as iniciativas de maior impacto da Santos Brasil, está a substituição de todos os RTGs (guindastes de pátio) movidos a diesel no Tecon Santos por modelos elétricos até 2031 (Foto: Divulgação/Santos Brasil)
A metodologia PIEVC é uma abordagem desenvolvida no Canadá para avaliar a vulnerabilidade de infraestruturas públicas às mudanças climáticas e propor medidas de adaptação. Trata-se de um protocolo estruturado que ajuda engenheiros e tomadores de decisão a compreenderem como os impactos climáticos podem afetar a infraestrutura e a gestão de ativos.
No mesmo ano em que foi feito o levantamento de risco climático, a Antaq também apontou Santos como um dos portos que mais podem sofrer com as mudanças do clima. A informação consta no documento Impactos e Riscos da Mudança do Clima nos Portos Públicos Costeiros Brasileiros.
Os riscos significativos decorrem de tempestades, vendavais e aumento do nível do mar. O documento destaca que a maior intensidade e frequência de eventos climáticos extremos podem impactar severamente as operações e infraestruturas portuárias. Santos é considerado um porto de risco elevado para tais impactos.
No relatório, foram propostas 55 medidas de adaptação, divididas em estruturais (21) e não estruturais (34), para mitigar os efeitos negativos e aumentar a resiliência do setor.
Entre as medidas estruturais, destacam-se a adaptação de berços de atracação ao aumento do nível do mar, o reforço de estruturas de enrocamento e a melhoria dos sistemas de drenagem.
Já entre as medidas não estruturais, estão a implementação de sistemas de alerta e monitoramento contínuo para riscos climáticos, como vendavais e tempestades, além da realização de reuniões estratégicas e treinamentos com foco na adaptação às mudanças climáticas.
Setor privado
Responsável por 17% de toda a movimentação de contêineres do país, a Santos Brasil opera o Tecon Santos, um dos maiores terminais de contêineres da América Latina. Para se tornar carbono neutro até 2040, a empresa elaborou um Plano de Transição Climática, um conjunto de diretrizes e compromissos para reduzir em 70% as emissões diretas de GEE (Gases de Efeito Estufa) de suas operações – e que já está em funcionamento.
Entre as iniciativas de maior impacto, está a substituição de todos os RTGs (guindastes de pátio) movidos a diesel no Tecon Santos por modelos elétricos até 2031. Essa mudança faz parte do projeto de ampliação e modernização do terminal, iniciado em 2019 e que conta com investimentos superiores a R$ 2,5 bilhões. A substituição dos RTGs evitará a emissão de 713 toneladas de CO² por mês, resultando em uma redução de 97% nas emissões desses equipamentos no terminal.
“Dois eventos climáticos extremos, como a estiagem na região do rio Amazonas e o elevado volume de chuvas em Santa Catarina, desafiaram nosso desempenho operacional no ano passado, exigindo a implementação de ações de adaptação e reforçando nossa convicção de que o momento exige respostas eficazes e imediatas para minimizar os impactos ambientais”, diz o diretor-presidente da Santos Brasil, Antônio Carlos Sepúlveda.
Carbono zero
A BTP (Brasil Terminal Portuário) pretende se tornar um terminal carbono zero a partir de 2030. “A companhia possui um plano arrojado de transição energética que irá trazer mais tecnologia, sem a geração de gases de efeito estufa, contribuindo para o desenvolvimento sustentável do Porto de Santos. Um exemplo é a frota de RTG, que será completamente eletrificada”, diz a empresa, em nota.
Além de monitorar e calcular os índices diretos e indiretos de gases de efeito estufa, a BTP afirma que se empenha na busca por alternativas sustentáveis de geração de energia, como a utilização de placas de energia solar em seus prédios administrativos e o Certificado de Energia Renovável (I-REC), que garante o rastreamento da origem da energia renovável conforme padrões internacionais, atestando que 100% da energia utilizada no terminal é proveniente de fontes renováveis.