Foto Scoffano/Pixabay
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Dicas de lazer e saúde
Foco
Respirar bem é viver melhor
Porque é tão difícil respirar corretamente?
Respirar é difícil, mas é porque desaprendemos. Basta olhar um bebê respirando, é a excelência da respiração. Ele inspira e a barriguinha infla e quando solta o ar a barriguinha volta. Conforme nos tornamos adultos, incorporamos hábitos que vão contra essa respiração que é natural, que é agradável, que tem ritmo e pode nos remeter a uma situação boa que já vivemos.
O que atrapalha um movimento tão natural?
Vivemos no meio de muita pressa, muita informação. São eventos emocionais que provocam impactos à respiração e não temos consciência da chegada dessa emoção, das ondas internas e como elas afetam nosso respirar. Quando não temos consciência corporal e nem focamos na respiração, ficamos mais vulneráveis aos acontecimentos externos como notícias ruins, fake news etc.
Como lidar com tudo isso?
Poder perceber a agitação e voltar para dentro de nós ajuda a manter o foco. Nós tivemos uma pandemia que foi bem complicada para as pessoas. O brasileiro tem a cultura do abraço, dos relacionamentos, o isolamento mexeu muito com as nossas emoções, trouxe medos, inseguranças. E quem trabalha o autoconhecimento provavelmente teve mais instrumentos para lidar com a situação.
A passagem do tempo traz um respirar melhor?
Acho que não, depende muito do histórico e do estado da pessoa. Os jovens estão sempre conectados ao celular, talvez estejam respirando menos, eles se observam menos, mas não é uma característica só dos jovens.
O sofrimento piora o respirar?
Geralmente queremos abraçar muito o que a gente gosta, o doce, uma conversa agradável, uma amizade. Por outro lado, como a dor traz o sofrimento, nós o repelimos, queremos distância. O yoga ensina que não devemos tentar abraçar o que se quer muito ou repelir aquilo que causa dor. Os dois vão trazer sofrimento. Quanto mais eu tento afastar o sofrimento, maior o seu poder sobre mim; quanto mais tento abraçar aquilo que me traz prazer, posso sofrer pelo medo de perdê-lo. A resposta é aceitar as coisas como são, finitas e impermanentes. O caminho é olhar de frente.
Dor e respiração têm relação?
Quando sentimos dor no coração, devemos respirar através dele, respirar ali onde está doendo. A imaginação ajuda a levar uma energia de cura para o local da dor, é a energia vital que vemos com frequência nas tradições orientais. Esse movimento tem um significado para o corpo como um todo. Para o cérebro, quando você imagina esse fluir de energia é como se aquilo estivesse acontecendo de verdade. Se você imagina que está levando o ar para o local da dor, o cérebro reconhece isso e a dor diminui.
Que tipo de exercício simples as pessoas podem fazer para melhorar a respiração?
Primeiro é preciso prestar atenção à respiração e ao movimento interno do corpo – mais do que observar algo, o importante é o próprio movimento de procurar observar. Assim que sentirmos que conseguimos nos conectar com a parte física é o momento de trazer consciência à respiração e buscar um ritmo agradável de entradas e saídas do ar. A sensação é como quando escutamos uma música que gostamos e ela nos traz leveza e harmonia com o nosso ritmo interno.
A respiração é a mesma para quem está agitado?
Há duas situações. Se a pessoa está agitada, com muitos pensamentos e atividades por fazer ao mesmo tempo ou se está dispersa e sem foco no pensamento – quando não consegue completar ações – nesse caso, recomenda-se inspirar e soltar o ar de maneira bem prolongada, como se estivesse liberando com lentidão o que está incomodando. De 3 a 4 vezes é o suficiente.
E a segunda?
Acontece quando sentimos que estamos sem energia para trabalhar, para sair da cama, para tomar atitudes. Nesses casos é como se estivesse faltando oxigênio no cérebro. É hora de uma ação de emergência, inspirar com vigor de 3 a 4 vezes.
É importante contar as inspirações e expirações?
Para quem não tem familiaridade com as práticas meditativas, quanto menos detalhes é melhor para começar. Na meditação Shamatha usamos o contar as respirações, mas com o objetivo específico de perceber quando “nos perdemos” em pensamentos, para então podermos retomar o exercício de focar.
O que é o respirar para você?
Respirar bem e meditar mudam a perspectiva da vida e podem nos ajudar a descobrir um universo visto com frescor para assim poder adquirir novos pontos de vista. A respiração, todos sabemos, é a própria Vida.
Festival da Cidade
E viva Salvador, 474 anos!
Até o dia 2 de abril Salvador terá programação com shows do rock à música clássica, exposições, bailes e outras atividades. O Festival será encerrado no Farol da Barra, com os shows de Ivete Sangalo, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Luedji Luna. O Campo Grande abrigará os Bailes da Cidade, entre os dias 31 de março a 1º de abril, com shows com Márcia Short, Will Carvalho e apresentações de orquestras. Na sexta-feira (31), acontece o show “Elis sob o Canto Negro de Wil Carvalho”, às 18h. No Anfiteatro do Parque da Cidade haverá shows, exposições e ação educativa Projeto Tamar e Projeto Baleia Jubarte, além da Feira de disco de vinil Discodelia.
A programação está no site : www.agenciadenoticias.salvador.ba.gov.br
Leitura
Solidão com vista para o passado
Na obra “Humanos Exemplares” (Companhia das Letras, 2022), Juliana Leite conta a história de Natália, uma mulher viúva e prestes a completar cem anos de idade, que passa os dias isolada em seu apartamento aguardando uma ligação da filha. Como a maioria dos amigos e familiares já morreu, ela convive com as memórias que mantém dessas pessoas, assim como os traumas do período da ditadura. Mesmo com esse panorama sombrio, Natália consegue aproveitar a liberdade dessa condição e os pequenos prazeres cotidianos, como saborear um pão com manteiga que derrete na boca, por exemplo.
Cinema
Triste, denso e obrigatório
Vencedor na categoria melhor roteiro adaptado do Oscar 2023, “Entre Mulheres’ é um filme que incomoda. É a história de um grupo de mulheres de uma comunidade religiosa fechada que decidem como vão reagir ao ataque de homens, que dopam e estupram mulheres e crianças durante madrugadas de terror. É uma adaptação do livro Miriam Toews, “Women Talking”, inspirado em um caso verídico, que aconteceu em uma comunidade menonita na Bolívia. Os menonitas são cristãos que vivem em comunidades isoladas, e as mulheres, como no filme, não podem aprender a ler. A diretora Sarah Polley reuniu atrizes excelentes como Rooney Mara, Jessie Buckley, Frances McDormand, Claire Foy e Judith Ivey, além de Ben Whishaw no único papel masculino de destaque. Diálogos fortes acontecem enquanto elas decidem o que fazer diante da agressão. Você assiste e fica pensando como fatos como esses podem ter acontecido na vida real e há pouco mais de uma década. Parece filme…