A jornada pela cabotagem
A navegação de cabotagem – ou costeira – no Brasil recebeu notícias positivas nesta semana. Na última quinta-feira, o ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França, anunciou que pretende melhorar o programa federal de incentivo a esse tipo de transporte, o BR do Mar, e para isso, quer o apoio da iniciativa privada, que poderá propor mudanças e novas regras. E em seguida, como mostra reportagem do BE News publicada nesta segunda-feira, a Mercosul Line, companhia de navegação brasileira voltada à cabotagem e que pertence ao armador francês CMA CGM, anunciou que aumentará a capacidade do serviço Braco – linha de navegação que conecta o sul ao norte do país. Para isso, irá substituir um de seus navios de 2.500 TEU por um novo de 3.800 TEU. O CMA CGM Santos passará a integrar a frota a partir de abril.
Segundo a Mercosul, esse crescimento visa atender a demanda atual, principalmente a da Zona Franca de Manaus, cuja produção é distribuída pelo País também a partir dessa linha.
São duas medidas importantes. Por um lado, o setor público mostra que está aberto a mudanças nas leis e regulamentos que normatizam a cabotagem. Por outro, o segmento privado dá sinais claros de que aposta nesse tipo de navegação.
A cabotagem é um dos principais meios de transporte para os produtores brasileiros, especialmente pela sua eficiência e pelo baixo custo operacional. Diferentemente do transporte rodoviário, que é muito mais caro e suscetível a problemas como congestionamentos, acidentes e desgaste das vias, o transporte aquaviário – o costeiro, inclusive – pode ser realizado de maneira mais segura, rápida e econômica. Além disso, os custos de manutenção e investimentos em infraestrutura são menores, o que o torna uma opção ainda mais vantajosa para o Brasil.
A cabotagem, ainda, pode contribuir significativamente para reduzir os impactos ambientais do transporte no país. Com ela, é possível reduzir as emissões de gases poluentes na atmosfera e diminuir os riscos de acidentes ambientais em decorrência do transporte de produtos perigosos. Isso é especialmente importante em um momento em que a preocupação com a sustentabilidade e a preservação do meio ambiente é cada vez mais urgente.
Diante de todas essas vantagens e das ações do poder público e do segmento privado, fica evidente que o Brasil começa a trilhar um caminho virtuoso para impulsionar sua cabotagem. Mas novos passos são necessários para essa importante jornada. É necessário reduzir os custos do combustível e ampliar a integração com outros modais.
Enfim, já se percebem esforços para ampliar a utilização da cabotagem, mas muito mais deve ser feito e, certamente, a definição dessas ações passa por uma parceria harmônica entre o poder público e o setor privado.