Homens da floresta sem fim
Caudalosas águas são o caminho. Levam lentamente a esperança, ainda que tão distante pareça. O vozerio da rica fauna não é buzina no rush. A pinguela não é estação de metrô. O uber não chega lá. Nem sinal, tampouco o café expresso, se não há energia. A única energia é dessa gente ribeirinha, fadada a prenunciar a chuva e se antecipar à febre para programar o tosco barco que leva dias para chegar ao doutor, quando há.
Mas a doença é imprevisível, ao contrário da esperança que para muitos irriga nos sete mil afluentes daquele suntuoso rio feito rei. O maior do mundo, líder de uma constelação com tantos nomes que se bifurcam, se fundem, se confundem entre si. O Amazonas é a coronária no coração pulsante do Brasil.
Sim, é Brasil essa floresta que se espalha majestosa no continente, e que desperta tanta cobiça no mundo. Ser forasteiro e circular por lá é se apequenar na própria dimensão, diante da imensidão de riqueza e fé.
Nunca esquecerei quando em Belém me debrucei na beira da Guajará para espiar o mundo. Como se aquele waterfront não pertencesse a ele. Mas essa é a sensação de quem olha o horizonte à frente e imagina a América do Norte. Quem olha à direita calcula as horas para atingir belas praias. E à esquerda o que haverá de mistério.
Naquelas plagas aprendi, na minha pequenez e em curta passagem, que a vida tem muitas dimensões. A começar pelo espaço, a seguir pelo tempo, sem saber qual é mais extenso. Mirava aquelas águas densas e lembrava das minhas agonias quando me atrasava por 15 minutos para uma reunião.
Essas lembranças vieram à tona tal qual boto rosa ao acompanhar notícias de tantos amigos que voltaram esta semana ao Norte, precisamente a Manaus. Alguns surpresos, outros já familiarizados por há muito terem incorporado aquele ‘outro país’ à sua própria geografia.
Esses homens e mulheres lá cumpriam a missão do Brasil Export, de integrar, comungar e fomentar uma única economia e um único futuro para o país.
Esse nosso Brasil, que o outro Brasil por vezes desconhece, é orgulho por sua riqueza natural. Mais ainda pela grandeza de homens e mulheres que lá nasceram, lá vivem e lá exercem seu vaticínio de empreender, procriar e ser feliz. Dos povos originários aos ancestrais bandeirantes cujos descendentes forjaram algumas grandes cidades e hoje, para nosso orgulho, ostentam tantas indústrias a produzirem para nós.
É uma terra sem fim, fadada à sorte que a natureza lhe deu e que muito produz. Os homens da floresta, tão notáveis, só precisam que nós outros brasileiros, como eles, nos lembremos sempre deles e lutemos com e por eles. E estaremos de verdade lucrando todos nós.