A palestra do secretário de Desenvolvimento Econômico de São Paulo, Jorge Lima, foi citada pelo presidente do Conselho do Santos ExportCrédito: Gabriel Imakawa/Brasil Export
Santos Export
Falta de soluções para gargalos no Porto de Santos motiva criação do Movimento pelo Sim
Iniciativa do Grupo Brasil Export quer pressionar o poder público em busca de projetos para resolver de vez problemas de acesso ao complexo
O Santos Export – Fórum Regional de Logística, Infraestrutura e Transportes, realizado nos dias 15 e 16 deste mês, será lembrado pelo início do “Movimento pelo Sim”. A iniciativa foi idealizada pelo Grupo Brasil Export para pressionar o poder público em busca de soluções definitivas para problemas constantes no setor de infraestrutura.
O anúncio desse movimento foi feito pelo presidente do Conselho do Santos Export e diretor-executivo do Sindicato dos Operadores Portuários do Estado de São Paulo (Sopesp), Ricardo Molitzas, logo após o encerramento do painel “Demandas e desafios dos embarcadores de carga no Porto”.
Nesse debate foram recorrentes as queixas dos participantes sobre os problemas nos acessos ao Porto de Santos. E isso motivou Molitzas a subir ao palco para expressar seu incômodo e propor a criação do movimento.
“A gente não teve nada de concreto. E isso é um fato que aconteceu no painel. A gente não tem de concreto a terceira via (rodovia) de ligação Planalto-Baixada (Santista). A gente não tem de concreto o início dos investimentos na Fips (Ferrovia Interna do Porto de Santos). Então, aqui fica essa proposta para que a gente aja, através da liderança do Santos Export”, declarou.
Apesar de Molitzas ter citado especificamente os problemas enfrentados pelos usuários do Porto de Santos, o Movimento pelo Sim promete pressionar autoridades para que investimentos sejam feitos nos complexos portuários do país que passam pela mesma realidade.
Para justificar a ideia do movimento, o presidente do Conselho do Santos Export citou uma declaração do secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo, Jorge Lima, que havia proferido uma palestra naquele dia, o segundo e último do fórum.
“Escutei hoje o secretário Jorge Lima dizer o seguinte: ‘Nós precisamos de vocês. Porque o governo funciona com pressão. Nós precisamos de vocês fazerem acontecer. Nós precisamos da pressão de vocês pela demanda’”, disse Molitzas.
A expressão “Movimento pelo Sim” ele tirou de uma declaração do diretor de Supply Chain da Cargill no Brasil, Ricardo Nascimbeni, dada durante o painel anterior.
“Acho que cabe um grande movimento pelo sim. Sim por transposição de trafegabilidade entre Santos e Guarujá. Sim pela Fips. Sim pelos acessos do Planalto à Baixada. Sim por um melhor ordenamento de navios pelo canal. Sim por mais investimentos. Sim, pelo amor de Deus, por segurança jurídica. Que todos nós unamos forças para realizar aquilo que é necessário”, concluiu.
Painel
O painel que antecedeu o anúncio do novo movimento reuniu, além de Ricardo Nascimbeni, o diretor de Logística da GM, Neuton Karassawa, e o diretor do Departamento de Infraestrutura da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), André Rebelo.
Eles discutiram sobre a demora para se definir projetos importantes que melhorariam os acessos ao Porto de Santos. Entre eles a construção de uma terceira pista ligando a região da Grande São Paulo ao complexo. Hoje apenas uma rodovia fica à disposição dos caminhoneiros que seguem para lá: a Anchieta, que faz parte do Sistema Anchieta-Imigrantes, administrada pela Ecorodovias.
As projeções do Plano Mestre do Porto de Santos indicam que até 2040 o ativo estará movimentando 240 milhões de toneladas, alta de 50%. Neste cenário, a via Anchieta pode não atender à demanda de caminhões, criando um gargalo preocupante para o setor, podendo causar ainda a perda de cargas para outros complexos portuários do país.
Mesmo com os problemas anunciados, ainda não há uma definição sobre a terceira pista, nem mesmo a previsão de quando os estudos começarão. Vale lembrar que licenças e aprovações de todas as etapas de um projeto desta magnitude costumam levar anos, bem como a conclusão da obra.