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Negócios sustentáveis, projetos ESG .. mudam algo no mundo do trabalho?

“Um homem sempre tem duas razões para fazer qualquer coisa: uma boa razão e a verdadeira razão.”

J. P. Morgan, banqueiro e industrial, cujas ações dominaram o mundo dos negócios de seu tempo.

 

Nunca se discutiu tanto os aspectos de sustentabilidade que obrigatoriamente devem acompanhar cada projeto em andamento nas empresas da atualidade. Pelo desejo genuíno de tornar o planeta mais adequado ao que as pessoas necessitam e anseiam, ou pela imposição dos mercados em que atuam.

A razão não importa. O fato é que o tema está presente no dia a dia dos negócios, abrigado pelo que se convencionou chamar de ESG, sigla em inglês para Environmental, Social e Governance, ou, em bom português, Meio Ambiente, Preocupação com o Social e Governança Corporativa (essa, talvez não tão conhecida como as duas primeiras, trata das regras adotadas por uma empresa visando atender a legislação e as boas práticas de gestão, baseadas em preceitos éticos).

Mas, vamos voltar à pergunta inicial: O que o desenvolvimento sustentável tem a ver com o dia a dia do trabalho? Mais ainda: os portos brasileiros já estão adotando essas práticas?

Sim e muito rápido. Ampliação das ferrovias, multimodalidade, H2V – o hidrogênio verde, ampliação da matriz energética nunca estiveram tão presentes, como se tem discutido nas edições regionais do Brasil Export.

Estima-se que, até 2025, os projetos ESG estejam presentes em cerca de um terço do mercado internacional, neles incluídos os portos. Explico usando não as minhas, mas as palavras do diretor-geral da Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários), Eduardo Nery, quando afirma que adotar o ESG não é só uma questão ideológica, mas de sobrevivência para as empresas. Acrescenta que o mundo corporativo e os fundos de investimento não querem associar seus recursos a empresas que não tenham comprometimento com regras de inclusão social, causas ambientais e de compliance (“sinônimo” de governança).

Traduzindo para o nosso dia a dia: as empresas portuárias e marítimas deverão trabalhar na redução do uso de energia, trocando equipamentos movidos a combustíveis com base em carbono, pelos que utilizam eletricidade, por exemplo; na racionalização do uso de recursos (água mais do que tudo); no cuidado às necessidades dos colaboradores e das populações do entorno de suas unidades; e montar um sistema de gerenciamento que garanta que tudo isso funcione.

Na prática, deverão ser criados postos de trabalho nas áreas de manutenção com foco na transformação de equipamentos movidos por motores elétricos, etanol e H2V (inclusive navios inteiros), etc.

As oportunidades para os profissionais que se especializarem em regeneração e conservação de energia vão se estender também para áreas como Compras e Suprimentos, onde devem ser abertas posições para profissionais capazes de negociar nesses mercados.

A Área de Meio Ambiente deverá crescer em tamanho e importância. Porém, é preciso ficar atento. Esses postos de trabalho fugirão do clássico perfil de gestor de programas ambientais, para incluir um olhar que associe o “ambiental” às estratégias do negócio e como cada uma das ações é percebida pelos stakeholders.

Os profissionais de Recursos Humanos, Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional – além das atividades operacionais da gestão de pessoas – trabalharão fortemente para criar e manter o ambiente de trabalho não tóxico e um aprendizado contínuo que resultem em retenção de pessoal. Caso contrário, o investimento feito nas pessoas se perderá. Mais do que tudo, deverão adquirir competências que os tornem capazes de dar suporte às lideranças no cuidado com a saúde emocional das equipes.

Profissionais das áreas de Comunicação, Marketing e Institucional vão precisar redobrar cuidados com a imagem de suas corporações e como ela é percebida pela comunidade. Portos têm intensa e complexa relação com as cidades onde estão instalados. Podemos esperar que esse relacionamento se intensifique em termos qualitativos e quantitativos.

Sem a pretensão de esgotar as possibilidades nas demais áreas das empresas, pois elas são imensas, a Direção, a Alta Gestão e os conselhos precisarão estender seu olhar para além dos resultados financeiros e operacionais.

Muda o mundo, muda mais ainda o mundo do trabalho. Se queremos permanecer nele, precisamos estar atentos.

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