A era da inovação
O desenvolvimento de um porto depende pontualmente de sua capacidade de atrair cargas e, para isso, ele deve demonstrar ter operações eficientes – em outras palavras, de grande produtividade e consequente baixo custo. E, hoje, isso se consegue principalmente com os complexos marítimos melhorando seus serviços, otimizando procedimentos, agilizando atividades. E isso se torna possível investindo, diretamente ou por meio de parcerias, em inovação, pesquisa e avanços tecnológicos.
Essa é a realidade do mercado já há alguns anos. E nela, o fato de um porto ter um departamento ou até uma diretoria de inovação tecnológica é tão essencial quanto contar com um setor jurídico ou contábil. Como afirmou um representante da Autoridade Portuária de Algeciras, na Espanha, na década passada, investir em pesquisa não é mais um diferencial de um complexo de cargas, mas uma obrigação para se manter relevante e em atividade. Ou como vem alardeando a equipe de Marketing da Autoridade Portuária de Roterdã, nos Países Baixos, seu objetivo não é mais ser o maior porto (título conquistado pelos chineses nos últimos anos), mas o mais inteligente, the smartest port.
Neste cenário, alguns portos brasileiros têm buscado investir em tecnologia ou, no mínimo, firmar parcerias com empresas (como startups), centros de pesquisa ou universidades, como forma de ter novas formas, de menor custo e maior eficiência, para realizar suas atividades.
No Porto de Santos, atualmente o maior da América Sul, essa regra passou a ser adotada de forma efetiva e institucionalizada no ano passado, com a criação do Comitê de Inovação da Santos Port Authority (SPA, a Autoridade Portuária de Santos). O órgão tem como objetivo integrar o complexo marítimo a ecossistemas de inovação, a partir de parcerias com startups, universidades e outras entidades, a fim de obter uma maior eficiência operacional.
E nessa segunda-feira, a SPA firmou acordos de cooperação técnica com startups, para desenvolver projetos que buscam otimizar o processo de programação e gestão dos berços de atracação e, ainda, melhorar o processo de compartilhamento de cargas transportadas por caminhões.
Há alguns anos, a direção da SPA já buscava apoiar e desenvolver pesquisas que pudessem ajudar no seu desenvolvimento. O próprio presidente da Autoridade Portuária, Fernando Biral, sempre defendeu tal iniciativa. Mas, apesar desse apoio, apenas no último ano a intenção se tornou realidade.
Que essa fase de busca por inovações se perpetue no Porto de Santos. E, a partir de seus frutos, mostre aos demais complexos do País o valor de uma das mais importantes tendências do setor hoje em dia. No século 21, o caminho do crescimento passa pela inovação, pela pesquisa. E essa é uma realidade que não pode ser ignorada.