O Porto completou seu aniversário no dia 2 deste mês. Foi nessa data, em 1892, quando houve a inauguração seu primeiro trecho de cais, com 260 metros e localizado onde hoje estão os armazéns do Valongo
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Uma história que começa com o Brasil
Quem passa hoje pelo Porto de Santos e observa os enormes e modernos equipamentos em atividade, nem imagine que a movimentação de cargas na região teve início há mais de 500 anos, no início do século XVI.
Nessa época colonial, em que o Brasil ainda era um território de Portugal, caravelas passavam pela região e aproveitavam as condições do estuário – que oferece uma proteção natural contra ventos e correntes marítimas – para o desembarque e o embarque de mantimentos e algumas cargas.
Com o desenvolvimento do Brasil e de sua economia, o Porto também evoluiu. Durante os séculos seguintes, até o final do XIX, o complexo contava com estruturas rudimentares, os trapiches, carregando e descarregando mercadorias por pontes e pranchas que ligavam a margem do estuário aos navios.
O grande salto estrutural ocorreu na última década do Século XIX. Pressionado por exportadores de café, que cobravam uma melhor infraestrutura para a agilização de seus embarques, o então Governo do Império decidiu conceder a exploração do Porto a investidores privados. O plano acabou sendo efetivado após a Proclamação da República, com a concessão oficializada e os gestores do complexo fundando, em 1890, a Companhia Docas de Santos (CDS).
Foi a CDS, detentora da concessão do Porto, que construiu e inaugurou em 1892 os primeiros 260 metros de cais.
Acessos e relação Porto-Cidade
A história do Porto de Santos mostra que há muito o que ser comemorado nestes 130 anos. Mas também há muito o que fazer.
O atual presidente da SPA, Fernando Biral, diz que “estar à frente da Autoridade Portuária quando o Porto comemora seus 130 anos é motivo de celebração especialmente porque 2022 é o ano em que completaremos, com o leilão da desestatização, o processo de reestruturação iniciado em 2019”.
Afirma ainda que entregará ao concessionário privado uma “SPA saneada, saudável, com grande potencial de crescimento e pronta para os desafios dos próximos anos do Porto de Santos”.
Para Mauro Sammarco, presidente da Associação Comercial de Santos, “os santistas celebram o seu maior patrimônio”. Ele lembra que o complexo é a porta de entrada das riquezas do País e por onde chegam os insumos necessários ao crescimento de negócios que geram emprego e renda.
Para o futuro, Sammarco acredita que é preciso “um melhor alinhamento” entre os poderes que atuam no Porto e um olhar mais dedicado à relação porto-cidade.
Ricardo Molitzas, diretor-executivo do Sindicato dos Operadores Portuários do Estado de São Paulo (Sopesp), diz que a comemoração é pelo desenvolvimento das atividades portuárias, tão necessárias para o crescimento econômico da região, do País e ao comércio exterior.
Sobre os desafios que o complexo ainda tem pela frente, Molitzas analisa que o volume de cargas tem crescido e os arrendatários têm investido em capacidade e eficiência nos terminais, mas a infraestrutura relacionada aos acessos ferroviários, rodoviários e aquaviários ainda é deficitária e precisa de maior atenção.