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Calado dinâmico amplia eficiência de graneleiros
Navios que utilizam a rota logística do Arco Norte, na Bacia Amazônica, poderão transpor tar mais cargas com o sistema de calado dinâmico. O protocolo para a implantação do sistema foi assinado no último dia 8 pela Cooperativa de Apoio e Logística aos Práticos da Zona de Praticagem 1 (Unipilot) e pelo Comando do 4º Distrito Naval.
Segundo a Praticagem da Bacia Amazônica Oriental, que atua na Zona de Praticagem 01, os trabalhos iniciarão até o final do mês, com a implantação da primeira das três boias, que fi- cará em fase de testes por três meses para validar resposta dos sensores ambientais e sua ancoragem. Após esse período, ela será recolhida para ajustes antes do fundeio da segunda boia. A Praticagem explica que “os sensores das boias meteoceanográficas vão alimentar o sistema com dados de correntes, maré e densidade da água, durante todos os dias da semana. Esses dados serão compartilhados, via satélite, com a Argonáutica, empresa que nasceu na USP e desenvolveu o calado dinâmico no Porto de Santos, o Laboratório de Dinâmica de Sedimentos Coesivos da UFRJ e a Marinha, responsável por autorizar o aumento de calado na região. Com isso, será possível calcular com precisão o quanto um navio pode aumentar o seu volume submerso, sem risco de encalhe, considerando informações como os intervalos de maré, entre outras”.
Outra ação da Praticagem fundamental para o sucesso do projeto é a sondagem regular das profundidades dos rios da região. A infraestrutura será custe- ada integralmente com recursos privados, da Praticagem da Bacia Amazônica Oriental. O custo de instalação das boias é estimado em R$ 3,6 milhões.
Sobre o cronograma de im- plantação do sistema, a Praticagem informa que “cada fase será avaliada, podendo ser feitos ajustes em seguida. O projeto vai avançar conforme sejam atingidos bons resultados dentro dos limites de segurança”.
“Esse conjunto de boias vai trazer mais previsibilidade para o carregamento das embarcações e é a base para implemen tação do sistema de calado dinâmico. É mais uma contribuição da praticagem para a segurança do tráfego aquaviário e a eficiência das operações portuárias”, afirmou o presidente da Unipilot, Adonis dos Santos.
“Na prática, os navios vão poder transportar mais carga. Hoje, as embarcações ainda saem com capacidade ociosa dos portos do Arco Norte, justamente porque existe esse gargalo na barra norte do Rio Amazonas. É um trecho raso e lamoso na foz do rio, que deli- mita o calado (parte submersa) de todos os navios na Bacia Amazônica. A região sofre grande descarga dos sedimentos do rio, que tem uma das maiores vazões do mundo. Os investimentos da praticagem em marégrafo e batimetria já possibilitaram o aumento do calado de 11,50 metros para 11,90 metros (em fase de testes), mas a expectativa, com o calado dinâmico, é chegar a 12,50 metros em certas janelas de maré”, afirma a da Praticagem da Bacia Amazônica Oriental.
Questionada, a Praticagem esclareceu ainda que os modais rodoviário e ferroviário serão diretamente impactados com o sistema. “Sem dúvida, porque os modais são utilizados para transportar a carga do agronegócio do Centro-Oeste até os rios. Essa carga chega nos terminais de transbordo, onde é em- barcada em barcaças que levam os produtos pelo Rio Madeira até Itacoatiara (AM) e pelo Rio Tapajós até Santarém (PA). Nos portos dessas cidades, a carga é transferida para os navios que descem o Rio Amazonas rumo à exportação”, informou.
Sobre o impacto econômico, a organização esclareceu que “o sistema beneficiará toda a área de abrangência comercial dos portos da Bacia Amazônica. O ganho pode ser de até dez mil toneladas por navio da classe Panamax, ou seja, cerca de R$ 30 milhões a mais transportados por embarcação. O projeto favorece o agronegócio, que exporta pelo Arco Norte, e os estados do Amapá, Pará e Amazonas, que se beneficiam do aumento da arrecadação de impostos por navio e do potencial para atrair novos terminais portuários, indústrias e gerar empregos. Um terminal portuário gera 15 mil empregos diretos e indiretos e um navio atracado, aproximadamente R$ 10 milhões em impostos, pois carrega toneladas de grãos.