O desafio dos acessos aos portos
Os portos brasileiros vivem duas realidades. O cenário encontrado no interior dos terminais marítimos são exemplos de eficiência e tecnologia avançada. Em alguns complexos, os índices operacionais são próximos ou até suplantam os registrados em portos do Extremo Oriente e do Mar do Norte. Mas no exterior dessas instalações, mais precisamente nos acessos a essas unidades, a situação é bem diferente. Em boa parte do País, as vias ferroviárias e rodoviárias que atendem o cais pecam pela falta de infraestrutura, insegurança e baixa capacidade de transportes. Efetivamente, são gargalos para as atividades logísticas nesse mercado.
Esta é uma situação inadmissível e que tem de mudar, com a melhoria dos acessos aos portos. A situação dessas vias tem impactado a qualidade do serviço prestado, principalmente seus custos, afetando assim a competitividade das cargas brasileiras. Como é de conhecimento do setor, a força da cadeia logística está em seu elo mais fraco.
Nesse cenário, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (conhecida pela sigla CNA), as federações de agricultura dos estados e a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) decidiram fazer um levantamento sobre os corredores logísticos que atendem aos portos do Nordeste e, em seguida, apontar as intervenções necessárias. Com isso, querem melhorar a eficiência do escoamento dos grãos movimentados nessa região.
A decisão sobre esse estudo foi tomada em reunião da Comissão Nacional de Logística e Infraestrutura da CNA no último dia 7, como destaca reportagem publicada nesta edição. Nesse encontro, o superintendente de Logística Operacional da Conab, Thomé Luiz Freire, disse que um dos motivos para a execução do estudo é a relevância da produção e exportação de soja, milho e algodão oriundos de Matopiba, região formada pelos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.
Que esse estudo cumpra seus objetivos e motive os investimentos e as mudanças de procedimentos necessários – enfim, tenha suas conclusões levadas a sério e não se torne mais um levantamento mostrando as dificuldades brasileiras e destinado a uma estante do Ministério da Infraestrutura ou de alguma associação empresarial do setor. A questão dos acessos aos portos é crítica, principalmente no Nordeste. E medidas devem ser adotadas para eliminar esses gargalos, que nada mais são do que entraves no desenvolvimento da economia brasileira.
