Itaqui e a Nova Rota da Seda
A política de expansão comercial da China tem crescido nos últimos anos e atingido diferentes países, principalmente africanos e sul-americanos. Denominada Belt and Road Initiative (BRI ou, em tradução livre do inglês, Iniciativa Cinturão e Estrada), também conhecida como Nova Rota da Seda, a estratégia visa identificar parceiros estratégicos ao redor do globo, estabelecer rotas até suas zonas de produção e, se necessário, garantir os investimentos necessários para que seus produtos tenham condições de ser escoados. Para isso, não descarta a realização de investimentos na infraestrutura de transportes desses locais, como em ferrovias e portos.
O objetivo é relativamente simples. O projeto aponta os produtos necessários para a sociedade chinesa, de alimentos a insumos para seu desenvolvimento industrial e tecnológico. E busca garantir as condições para que esses artigos sejam escoados até o país.
Nesse cenário, o Porto de Itaqui, no Maranhão, foi considerado como um ponto estratégico para a expansão da Nova Rota da Seda. Seu potencial foi destacado pelo professor Paul Lee, da Universidade de Zhejiang, durante simpósio em São Luís (MA) na semana passada, como mostra reportagem publicada nesta edição do Jornal BE News. Entre as características do complexo marítimo citadas, estão a profundidade de seu acesso aquaviário, 22,3 metros, e suas conexões rodoviárias e ferroviárias.
A integração da infraestrutura e da logística de comércio exterior brasileira com a política comercial chinesa é interessante para ambas as nações. A China é parceiro estratégico e mantém bom relacionamento com o Brasil. Mas deve ser acompanhada com atenção pelas autoridades. A princípio, o interesse de Pequim de garantir o escoamento de commodities pode levar ao financiamento de obras necessárias para o desenvolvimento do corredor comercial de Itaqui, garantindo, por exemplo, o barateamento de seus custos, o que é positivo para os dois parceiros. Mas é importante monitorar os termos dessas parcerias, de modo a garantir que os compromissos assumidos estejam dentro do escopo dos planos de crescimento brasileiros.
Em qualquer país, o setor de infraestrutura é área estratégica e assim deve ser tratado, tendo a supervisão das autoridades pertinentes. Ao mesmo tempo, parcerias internacionais são usuais e sempre bem-vindas, especialmente na atual fase de desenvolvimento do Brasil, em que a oferta de recursos pode alavancar empreendimentos essenciais. Ambos os interesses podem coexistir e serem atendidos. Para isso, basta atenção e clareza nos verdadeiros objetivos a serem alcançados, que, no caso do lado brasileiro, é o crescimento de sua economia e a proteção de seus interesses a longo prazo.