A logística do agronegócio e seus preços
A última edição do boletim logístico da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) destaca o aumento nos valores dos fretes entre as zonas produtoras da região Centro-Oeste e portos como Santos (SP), Santarém (PA) e Paranaguá (PR). E aponta dois principais motivos para a alta. Um já conhecido: o encarecimento do diesel, resultado direto da elevação do preço do barril de petróleo no mercado internacional nas últimas semanas. O outro fator é a baixa oferta de caminhões em outras regiões do País, após a colheita recorde da segunda safra de milho ter atraído motoristas para essa área agrícola.
Com esses dois fatores, os fretes para atender contratos de exportação e o escoamento da safra de soja acabaram reajustados para cima. E esse movimento deve se manter neste mês, com a ocorrência simultânea do transporte da soja e da colheita do milho.
Este cenário mostra o quanto a logística do agronegócio precisa evoluir, de modo a evitar variações de seu custo e permitir que o produtor, o trader e o exportador tenham melhores condições de planejar a comercialização dessas commodities. Sobre a alta do diesel, é mais do que necessário que o Governo Federal adote um sistema de compensações para manter os custos logísticos do agronegócio, mesmo diante da variação do preço dos combustíveis no mercado internacional.
E também é mister que a estrutura logística do setor seja organizada de tal forma que uma migração de caminhoneiros para atender a colheita de milho não chegue a afetar os valores do frete. Deve-se avaliar opções para se organizar esses serviços de modo que uma eventual redução na oferta de caminhões não cause tal impacto. E sempre há alternativa de ampliar a participação da ferrovia nessas atividades.
Dada a importância do agronegócio para a economia nacional, é mister que sua política de fretes conte com uma estrutura moderna, impedindo essas alterações pontuais. Com um sistema “amortecedor”, uma maior estabilidade permitirá aos players dessa cadeia de negócios melhores condições de negociar seus preços e planejar melhor suas ações. Já está na hora de a modernidade do agronegócio se estender a sua logística.