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Augusto Cesar Barreto Rocha

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O Amazonas e a sua competitividade almejada

As economias latino-americanas possuem muito em comum. É o que destaca o livro “Innovation, Competitiveness and Development in Latin America: Lessons from the Past and Perspectives for the Future” (Inovação, Competitividade e Desenvolvimento na América Latina: lições do passado e perspectivas para o futuro”, em tradução livre), publicado pela Universidade de Oxford em 20 de fevereiro deste ano, com autoria de Edmund Amann e Paulo Figueiredo.

Segundo a análise dos autores, há um desafio estrutural em uma armadilha de renda média, frustrando um crescimento acelerado e sustentável. Esta imagem é muito do que temos em Manaus (AM), em um contexto de pouca infraestrutura, muita riqueza natural e uma industrialização que viabilizou uma renda e arrecadação notáveis, em meio a um estado pobre, isolado e cheio de oportunidades.

O microcosmo da Zona Franca de Manaus poderia ser um elemento indutor para a transformação, mas segue o mesmo desafio do restante da América Latina, em um paralelo meu, relativo ao que estudaram os autores do livro mencionado, pois possuímos um destaque para a inovação e a competitividade industrial (em si), grandes desafios estruturais e ótimas perspectivas futuras, caso saibamos nos apresentar adequadamente para elas.

A falta de conexões multimodais impediu que Manaus e seu polo industrial se beneficiassem da proximidade com os países vizinhos. Se reconhecêssemos e aproveitássemos este potencial, poderíamos nos posicionar melhor para explorar oportunidades. Mas os problemas e as possibilidades no Brasil inteiro dificultam o foco que poderia ser dado para este mercado tão próximo em quilômetros, mas tão distante em decorrência da ausência de infraestrutura e conexões.

A distância de desenvolvimento entre Manaus e o interior do Amazonas tem razões muito semelhantes. A difícil conexão com a capital ou com os demais municípios entre si, no entorno de cada região do interior, leva a uma ausência de recursos vindos de outras regiões, pela troca comercial frustrada. Como constatado desde o início da história de Manaus, o posicionamento geográfico e as trocas comerciais possuem um potencial grande para a transformação das cidades.

A gigantesca malha fluvial do Amazonas precisa ser mais bem aproveitada, com a presença de portos no interior do estado e na capital. Seguimos negligenciando as oportunidades do interior e as perspectivas futuras seguem sem indicativos de transformação. Enquanto o olhar for para o extrativismo mineral, sem tecnologia, sem oportunidades para os que aqui estão, seguiremos com a vocação retrógrada da colônia em busca de um império para retirar as oportunidades.

Em minha visão, os problemas e as oportunidades da América Latina, como estudado no livro de Amann e Figueiredo, são muito semelhantes ao que se vê no Amazonas: grande capacidade competitiva, se usada a inovação tecnológica, colocando-se frente a um mercado global; muitos desafios estruturais, com uma lacuna histórica a ser transposta; e ótimas perspectivas futuras, se reconhecermos as nossas fortalezas e sanarmos as nossas deficiências a partir do ponto de vista interno.

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