Desafios logísticos dos portos brasileiros: urgência de investimentos e reformas
No coração da economia brasileira, os portos desempenham um papel crucial na facilitação do comércio internacional e no impulsionamento do desenvolvimento nacional. No entanto, apesar de sua importância estratégica, os portos do Brasil enfrentam uma série de desafios logísticos que comprometem sua eficiência e competitividade no cenário global.
É inegável que a movimentação recorde registrada pelo Complexo Portuário de Santos em 2023, movimentando 174 milhões de toneladas em carga, com aumento de aproximadamente 7% em relação ao ano anterior, reflete a capacidade produtiva do país. No entanto, por trás desses números grandiosos, escondem-se problemas crônicos que ameaçam minar o potencial dos portos brasileiros. A falta de infraestrutura de acessos rodoviários, ferroviários e aquaviários é uma dessas questões prementes, tornando evidente a urgência de investimentos e reformas estruturais.
Os desafios começam nas estradas brasileiras, que, apesar de serem os principais meios de transporte terrestre de carga, sofrem com a falta de reparos e altos custos operacionais. A dependência excessiva do modal rodoviário torna o sistema vulnerável a congestionamentos, atrasos e aumento dos custos logísticos. Para piorar, as opções ferroviárias e fluviais são limitadas, dificultando ainda mais o escoamento da produção.
Além dos problemas de acesso terrestre, os portos enfrentam restrições para a navegação de navios devido à baixa profundidade dos canais, entraves burocráticos e dificuldades na execução de obras. Esses obstáculos não apenas impactam a eficiência das operações portuárias, mas também geram prejuízos às empresas envolvidas e comprometem a competitividade dos produtos brasileiros nos mercados internacionais.
Diante desse cenário desafiador, é imperativo que o governo e o setor privado adotem medidas urgentes para modernizar e expandir a infraestrutura portuária do país. O lançamento do novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), com investimentos significativos destinados ao setor portuário, é um passo na direção certa. No entanto, é necessário que esses recursos sejam direcionados de forma estratégica, priorizando a melhoria dos acessos terrestres, a realização de dragagens e a modernização da infraestrutura portuária.
Além dos investimentos em infraestrutura, é fundamental promover reformas regulatórias que simplifiquem os processos burocráticos e incentivem o investimento privado no setor. A criação de um ambiente de negócios mais favorável e transparente é essencial para atrair investimentos e estimular a inovação na gestão portuária.
A logística portuária é a espinha dorsal da economia brasileira, e seu bom funcionamento é crucial para impulsionar o crescimento econômico, gerar empregos e atrair investimentos. No entanto, para desbloquear todo o potencial dos portos brasileiros, é necessário enfrentar os desafios logísticos e de infraestrutura de forma decisiva e implementar medidas concretas que garantam a eficiência e competitividade do setor. Já estamos atrasados.
Ricardo Molitzas
Presidente do Instituto Brasil Logística (IBL), diretor-executivo do Sindicato dos Operadores Portuários do Estado de São Paulo (Sopesp) e presidente do conselho do Santos Export