Por uma política energética equilibrada
A inauguração da Planta de Etanol de 2ª Geração no Bioparque Bonfim, em Guariba, São Paulo, na última sexta-feira, marca um avanço significativo para o Brasil no campo da energia verde. A declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, enfatizando que a energia verde produzida no País será destinada prioritariamente ao mercado interno, reflete um compromisso com o desenvolvimento econômico e a geração de empregos. No entanto, a abordagem estratégica deve considerar tanto a necessidade de fortalecimento do mercado interno quanto a importância de manter relações comerciais robustas com parceiros internacionais.
A inovação representada pelo etanol de segunda geração, que utiliza bagaço e outros resíduos agrícolas, demonstra o potencial do Brasil para liderar a transição energética global. Com uma pegada de carbono significativamente menor que a da gasolina comum e até mesmo do etanol de primeira geração, esta tecnologia coloca o País na vanguarda das soluções sustentáveis. A planta, administrada pela Raízen, destaca-se não apenas pela produção de 82 milhões de litros de etanol anualmente, mas também pelo emprego de mais de 2,5 mil pessoas, evidenciando os benefícios sociais e econômicos dessa iniciativa.
A afirmação do presidente Lula de que a energia verde deve gerar empregos e desenvolvimento dentro do Brasil é crucial. Atrair investimentos internacionais para a produção local de máquinas e equipamentos de energia verde pode transformar o País em um polo de inovação tecnológica, promovendo crescimento econômico sustentável.
Contudo, a política energética brasileira deve equilibrar essa prioridade interna com a necessidade de se manter um fornecedor confiável de energia limpa para o mercado global. Negligenciar os clientes internacionais seria um erro estratégico. O Brasil possui uma posição única e vantajosa no cenário mundial, com vastos recursos naturais e uma capacidade comprovada de inovação em energias renováveis. Participar ativamente da transição energética global não apenas fortalece a imagem do País como um líder ambiental, mas também abre portas para novas oportunidades de comércio e cooperação internacional.
A estratégia ideal deve proteger e desenvolver o mercado interno, garantindo que a energia verde beneficie diretamente a população brasileira, enquanto se mantém aberto ao comércio internacional. Fornecer energia limpa a parceiros estrangeiros pode ser um catalisador para atrair investimentos e fomentar o desenvolvimento tecnológico. Além disso, fortalecer essas relações comerciais contribui para a estabilidade econômica e fortalece o papel do Brasil no cenário global de sustentabilidade.
Portanto, a política energética deve ser abrangente e equilibrada, priorizando o desenvolvimento interno sem desconsiderar a importância dos mercados externos. A transição para uma economia verde oferece uma oportunidade sem precedentes para o Brasil se posicionar como um líder global em energias renováveis, promovendo tanto o crescimento econômico interno quanto a cooperação internacional sustentável.