Santos Export 2022, importantes discussões
Nos últimos dias 3 e 4 de agosto, foi realizado o Santos Export, evento que compõe o fórum Brasil Export e que ocorreu na presença de um público altamente qualificado, com discussões muito importantes para o futuro do Porto de Santos.
O painel sobre a desestatização do Porto de Santos teve a participação do secretário nacional de Portos e Transportes Aquaviários (SNPTA), Mario Povia, e do diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), Eduardo Nery, que trouxeram importantes informações sobre possíveis alterações nas regras do processo que estão sendo estudadas, mediante as propostas de ajustes colhidas na fase das audiências públicas oferecidas pelos participantes. Em seguida, houve debates com executivos do setor.
Importante a participação dos representantes do Governo Federal, que têm agido de forma muito transparente durante todo o processo de discussão da desestatização do Porto de Santos, permitindo discussões amplas e em profundidade dos temas levantados, para podermos ter um modelo final que comporte as principais preocupações do segmento.
No evento, também escutamos e debatemos o posicionamento e as necessidades das cargas – com a participação de executivos representantes da celulose, dos grãos e de cargas embaladas – assim como o que estes clientes do Porto esperam do desenvolvimento da infraestrutura local e de suas operações. Um dos pontos destacados que merecem atenção e uma discussão mais aprofundada é a participação dos intervenientes nas operações de importação e exportação pelo Porto de Santos, considerando que o aumento do volume de movimentação necessitará de maior capacidade de processamento dos processos intervenientes envolvidos na cadeia logística.
Das discussões que tivemos durante o Santos Export, a mais sensível e que demanda muita atenção é a relativa aos acessos do Porto, seja o aquaviário, o ferroviário ou o rodoviário – e não somente por conta do crescimento de cargas que se espera para os próximos anos, mas também porque os investimentos necessários, especialmente nos modais ferroviário e rodoviário, influem diretamente na relação entre o Porto e as cidade locais. Tais projetos devem, inclusive, resolver as interferências, tal como melhorar a mobilidade de forma geral, possibilitando assim o aumento de capacidade para recebimento de cargas e as condições de mobilidade para os municípios.
No caso do modal ferroviário, já temos aprovada a nova modelagem da Ferrovia Interna do Porto de Santos – FIPS, que precisa agora sair do papel. O projeto considera, em sua implantação, importantes investimentos para a melhoria do modal, bem como um aumento considerável de capacidade de transporte.
Já no aquaviário, precisamos avançar bastante no que diz respeito à manutenção dos calados dos berços e do canal de acesso do Porto de Santos. Neste ponto, temos a questão do Cais de Outeirinhos que, após um relevante investimento realizado e entregue em 2014, ainda aguarda as obras de aprofundamento daquele trecho. Além disso, temos uma importante obra prevista a partir da desestatização do Porto de Santos – o aprofundamento do canal para 16 metros, em uma primeira fase, e 17 metros, em uma segunda fase, o que permitirá colocar Santos na rota de navios maiores. Aqui há muito trabalho a ser feito.
Finalmente, o modal rodoviário que, em minha opinião, é o mais preocupante. Sabemos que, com o desenvolvimento do modal ferroviário, a tendência é que se tire um pouco de pressão do sistema rodoviário, por conta da provável migração das cargas do agronegócio para a ferrovia. Entretanto, uma solução para o modal rodoviário – especificamente, a construção de uma nova ligação entre o planalto e a planície – só acontece em um prazo mínimo de 5 anos, o que nos remete grande preocupação, considerando que hoje estamos restritos ao complexo Anchieta/Imigrantes. É um assunto que precisa de um trabalho que se inicie imediatamente, para não termos, em um futuro muito próximo, o colapso do sistema rodoviário sem uma solução em andamento.
No último painel do Santos Export, em um novo modelo nesse tipo de evento, tivemos um debate com a participação dos diretores da Autoridade Portuária de Santos e de dirigentes de todas as associações empresariais, em que analisamos e discutimos propostas para o futuro do Porto de Santos.
Encerrando um dia de muito trabalho, com um qualificado público, recorde de participação presencial e on-line e debates de alta relevância para a nossa região, tivemos ainda a honrosa presença e palestra do ministro da Infraestrutura, Marcelo Sampaio, que tem feito um excelente trabalho em rol da Infraestrutura nacional.
E assim, encerramos mais um Santos Export – que completou nessa edição 20 anos de sucesso – com uma única certeza: já avançamos em muitas questões, mas ainda temos muito trabalho pela frente.