Antaq, logística nacional e comércio exterior
Levantamento da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq), divulgado por ela na manhã de ontem, mostrou avanços e recuos nas atividades portuárias e de navegação brasileiras no primeiro semestre. A principal delas foi a queda de 3,3% na tonelagem das cargas embarcadas ou desembarcadas no período, total que chegou a 581,3 milhões. Esse resultado foi impulsionado, principalmente, pela redução nas operações de granéis sólido, especialmente soja e minério de ferro, e líquido, caso do petróleo, e na de contêineres de longo curso (-5% em TEU), afetadas pela retração do comércio internacional, reflexo do ainda persistente caos logístico global, da inflação mundial e da guerra na Ucrânia.
Mais algumas cargas apresentaram números positivos, como a celulose (+27%) e o ferro/aço (+4%), classificados como carga geral – essa categoria, aliás, registrou uma alta de 18,6%. E, segundo o corpo técnico da Antaq, a segunda safra de milho projeta uma produção recorde, devendo puxar o aumento do granel sólido agrícola embarcado nos próximos seis meses.
A agência, aliás, trabalha com a expectativa de ter uma recuperação neste segundo semestre, que deve fechar com 631 milhões de toneladas, uma alta de 2,9%. Porém, ela não deve ser suficiente para garantir um aumento no ano, que deverá registrar um resultado estável, com 1,212 bilhão de toneladas operadas nos portos, 2 milhões a menos do que o obtido em 2021, o atual recorde do setor.
O estudo da Antaq também traz boas notícias para a logística nacional, com aumentos na navegação interior (6,8%, com 40,8 milhões de toneladas – +156% na comparação com 2010). E se a navegação de longo curso teve queda (-4,8%, com 398,3 milhões de toneladas), afetada pelo comércio internacional, a de cabotagem aumentou (140,6 milhões de toneladas – apenas com os contêineres foram +2,9%, com 1,8 milhão de TEU).
Os dados da agência mostram que a logística do transporte de cargas no Brasil tem melhorado com uma maior participação da navegação interna (fluvial) e da de cabotagem (costeira), que continua atraindo cargas antes operadas por rodovias. Mas as operações ainda são afetadas pelos dois grandes acontecimentos que vêm marcando a economia global neste início de década, a pandemia de Covid-19, com seu consequente caos logístico – os recentes lockdowns em cidades portuárias da China, devido a surtos da doença, reduziram as importações de produtos brasileiros pelo país no semestre – e a guerra na Ucrânia, mais um fator para elevar a inflação global e reduzir o comércio internacional.
Esse cenário mostra a importância de mantermos os esforços para impulsionar os transportes aquaviários fluviais e costeiros e, em relação às trocas comerciais, continuar buscando ampliar o número de parceiros. A China certamente ficará como a principal importadora e exportadora nas relações internacionais do País, mas é sempre arriscado ter apenas um grande parceiro comercial. Diversificar, nesse caso, é a melhor estratégia. Vender para todo o mundo é o destino dos exportadores brasileiros.