Nômade digital em Portugal: mais do que um estilo de vida
A previsão é de que haverá cerca de 1 bilhão de nômades digitais no mundo até 2035. Mais do que um estilo de vida, é uma tendência que veio para ficar e já é adotada por mais de 35 milhões de profissionais, segundo o Relatório Global de Tendências Migratórias 2022 da Fragomen, empresa especializada em serviços de imigração mundial. Mas afinal, qual o conceito, motivações, desafios e oportunidades do nômade digital? E por que Portugal se destaca mais uma vez?
O nômade digital é o profissional que não precisa estar sempre no mesmo lugar para fazer o seu trabalho, ou seja, trabalha remotamente e com isso, pode se aproveitar dessa situação para viver em vários locais diferentes.
Até pouco tempo, era uma opção apenas para programadores, criadores de conteúdo, designers, jornalistas ou profissionais do marketing digital. Atualmente, em quase todas as áreas é possível viver como nômade digital, de médicos a funcionários públicos, assim como professores, advogados, investidores e/ou consultores.
Com flexibilidade de agenda, ferramentas adequadas (computador, laptop e celular) e acesso a internet de alta velocidade para se manter conectados, os nômades digitais não têm moradia fixa. Podem atuar em diversos setores da economia e viver sem qualquer limitação geográfica, que no caso de Portugal, é extremamente favorável por estar na Europa e com fuso horário mais próximo dos EUA e do Brasil.
Esse estilo de vida vem se tornando cada vez mais popular e cresceu exponencialmente após a pandemia, com o aumento das oportunidades de trabalho remoto pelo mundo. Da América Latina à Ásia-Pacífico, há mais de 25 países com condições especiais para contratar e atrair talentos das empresas tradicionais. Por exemplo, para morar na Indonésia (Bali), o custo do visto é de US$ 142 mil, válido por cinco anos.
Dos países da Comunidade Europeia, a Alemanha é um dos principais destinos pois importa profissionais especializados em programação e cibersegurança. Já a Estônia foi o primeiro país a oferecer um visto específico. Outros países em destaque, principalmente pela facilidade da língua e aquisição do visto de trabalho, são Espanha e Portugal.
Portugal tem sido um dos lugares escolhidos por dois públicos distintos: para aqueles profissionais que já possuem cidadania portuguesa (ou de outro país da Comunidade Europeia) ou aqueles que não têm a cidadania, mas podem buscar um visto específico que permita a residência permanente no país, seja como empreendedor ou profissional autônomo. De acordo com o ranking Índice Voyages et Travail, Portugal foi o país mais bem classificado para escolha dos nômades digitais. O estudo analisou 22 fatores, dentre eles: segurança, serviços de saúde, clima, política estável, facilidade em se comunicar em inglês e custo de vida.
Lisboa e a cidade do Porto são os principais hubs de inovação e empreendedorismo do país, e a Ilha da Madeira lançou um projeto-piloto para criação de uma comunidade de nômades digitais. Em Lisboa, há vários grupos de networking, como o Digital Nomads PT e o Lisbon Digital Nomads.
Além disso, diversas empresas multinacionais dos setores de tecnologia, financeiro e telecomunicações escolheram Portugal e permitem que seus funcionários se tornem nômades digitais. A infraestrutura e a modernização do país, que possui diversos espaços de coworking, cafés e livrarias com acesso à wi-fi, contribuem para atrair cada vez mais adeptos.
A despeito dos atrativos apresentados, há vários desafios tais como eventualmente atuar num fuso horário diferente da matriz ou de clientes e fornecedores, a possibilidade de enfrentar ataques cibernéticos ou ter disciplina na gestão de tempo e de equipes remotas ao redor do mundo. Não obstante, evoluímos de um modelo de monitoramento e controle para confiança e autogestão.
O nomadismo digital é uma tendência em ascensão e o número de adeptos cresce de forma exponencial. E você, já considerou adaptar sua profissão ou adotar esse estilo de vida para trabalhar?