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João Eduardo de Villemor Amaral Ayres e Rebecca Alonso Nascimento

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Greenwashing: a prática antagônica ao ESG

Como tudo no ramo dos negócios – e na vida –, não há teoria que se sustente sem a efetiva prática daquilo que se pretende alcançar. Quando tratamos de ESG, são inúmeros os temas sobre os quais podemos aprofundar nossos conhecimentos, e por meio dos quais conseguimos desenvolver e apresentar soluções inovadoras. São diversas, outrossim, as ações que podem ser tomadas nos âmbitos ambiental, social e de governança, na busca de uma sociedade economicamente sustentável.

É com certa frequência, no entanto, que verificamos alguns “desvios” nos caminhos desta jornada – nem sempre intencionais, é verdade –, por parte daqueles que não estão absolutamente comprometidos com as práticas ESG. E é nesse contexto que se insere o que conhecemos por greenwashing – em português, “lavagem verde” –, termo que vem sendo utilizado desde os anos 1980. 

Inicialmente recorrendo a uma analogia do cotidiano, sabemos que uma boa capa de um livro não necessariamente guarda expressivo e profundo conteúdo. Eis que o greenwashing a isso em muito se assemelha.

Trata-se de conhecida estratégia, utilizada com o objetivo basilarmente publicitário, a fim de divulgar medidas sustentáveis que – infelizmente –, na prática, não verdadeiramente o são, não se sustentam, ou não possuem a influência e a dimensão anunciadas pela instituição. E tal estratégia pode ser altamente rentável no curto prazo. 

É oportuno recordarmos, no entanto, que o atingimento de metas sustentáveis, por meio da adoção de práticas ESG, estão atreladas ao lucro de médio e longo prazo. Podem algumas instituições, portanto, se valer do greenwashing para reverter essa premissa, alcançado públicos de forma não orgânica. 

Como já abordamos anteriormente, é sim, de extrema importância – deveras essencial – que as instituições demonstrem publicamente as medidas sustentáveis e as práticas ESG que adotam na condução de seus negócios e de suas atividades. 

Tal divulgação precisa, todavia, possuir o devido suporte fático, isto é, espera-se que esteja pautada em ações reais, palpáveis e mensuráveis. O contrário disto, pode-se dizer, pode soar como uma “propaganda enganosa” aos olhos da sociedade como um todo, e, em especial, dos investidores, dos órgãos fiscalizadores e dos consumidores, prejudicando a imagem e a credibilidade da instituição. 

Não obstante, é importante pontuar que isso nem sempre ocorre de forma proposital. Pelo contrário, muitas vezes reflete o despreparo de alguns instituições na gestão do tema ESG, seja por desorganização institucional, pela falta de bons e estruturados processos de governança, ou por, simplesmente, não fazer o ESG parte da cultura daquela organização.  

É certo que as práticas ESG abrangem uma complexidade de medidas, que vão desde o controle de emissão de carbono, a políticas de inclusão de minorias em um determinado setor, por exemplo. Em razão deste largo arcabouço temático, de certa forma, é demasiado simples que uma instituição se confira o selo “Somos ESG”. 

Ocorre que isto não é nada saudável – correto, ou sequer legal – quando pautado pela divulgação de informações infladas, inverídicas, ou de relevância insignificante para a sustentabilidade. De nada adianta, pois, um relatório de sustentabilidade teoricamente bem elaborado, mas sem qualquer base e fundamento em ações e indicadores reais.

Frisamos: ainda que não sejam as mais robustas em termos numéricos, o que importante é a qualidade das informações divulgadas.

E, ademais, fica o importante alerta: sem sombra de dúvidas, cedo ou tarde, o greenwashing é percebido. Os consumidores, especialmente no mundo das mídias sociais, são contundentes nas cobranças quanto à coerência entre propósito e produto/atividade. As investigações de órgãos fiscalizadores e da mídia são cada vez mais assíduas. Os investidores, analistas financeiros e gestores de fundos estão atentos como nunca ao assunto.  

Nesse sentido, reforçamos: as empresas, e demais organizações, precisam ter em mente a importância no estabelecimento de processos de governança voltados para o tema ESG, além de incentivarem o engajamento dos acionistas e dos administradores para com as metas e o desenvolvimento de planos estratégicos focados em sustentabilidade.

Para além disso, o foco deve se dar principalmente na transparência das informações, que devem ser coerentes, reais e mensuráveis. Aconselha-se sempre o compartilhamento do maior número possível de dados, mas desde que sejam confiáveis e que se sustentem faticamente. 

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TAGS ESDG greenwashing sustentabilidade

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