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Luiz Raimundo Azevedo

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Logística de Grãos no Maranhão: Estratégias para o Futuro

O Maranhão, com seu potencial agrícola em crescimento, enfrenta desafios e oportunidades no desenvolvimento da logística de grãos. A médio e longo prazo, a integração da estrada de ferro EF-317 e do Terminal Portuário de Alcântara ao já estabelecido porto público do Itaqui será crucial para otimizar o escoamento da produção e fortalecer a economia do estado.

A EF-317 (Ferrovia Autorizada), a Ferrovia do Maranhão, como prolongamento da Ferrovia Norte Sul desde Açailândia (MA) até o porto de águas profundas em Alcântara (MA), está projetada para ser um eixo logístico, ligando áreas produtoras de grãos diretamente ao litoral.

A ferrovia “open access” irá reduzir custos de transporte, aumentar a eficiência logística, permitindo fluxo mais rápido e constante de grãos. A médio prazo, a operação da EF-317 deverá diminuir os gargalos atuais e proporcionar uma rota alternativa para o escoamento, aliviando a pressão sobre as rodovias e melhorando a competitividade dos produtos brasileiros, particularmente os grãos no mercado global.

O Terminal Portuário de Alcântara ,com retroárea de 11000 HA, localizado estrategicamente próximo ao Porto do Itaqui, e inserido proativamente nos programas de descarbonização portuária, é uma peça-chave nesse cenário. Enquanto o Porto do Itaqui já é um dos principais pontos de exportação de grãos do Brasil, Alcântara será um complemento essencial, ampliando a capacidade de exportação do Estado. Com um terminal moderno e eficiente, Alcântara irá absorver parte do aumento da produção agrícola esperada para os próximos anos, facilitando o acesso aos mercados internacionais.

Itaqui, consolidado, Alcântara, por sua vez, poderá ser desenvolvido com foco na especialização e eficiência, criando um corredor logístico altamente eficaz. A sinergia entre esses dois portos permitirá uma maior flexibilidade e resiliência no sistema de transporte de grãos e ben .

Para maximizar os benefícios dessa integração, investimentos em infraestrutura complementar são essenciais. Isso inclui a construção e modernização de armazéns, melhoria das estradas de acesso, e a implementação de tecnologias avançadas de gestão logística. Além disso, políticas públicas voltadas para a atração de investimentos privados garantirão o sucesso desses projetos , aderentes ao AGRO e ao Centro de Lançamento de Alcântara ,de sua vizinhança.

O cenário atual revela um ponto de estagnação no crescimento das exportações de grãos pelo Arco Norte, que estacionou nos 33% das exportações nacionais desde 2020. Dados recentes mostram que, em 2016, o Arco Norte exportou 16,5 milhões de toneladas de grãos, representando 19% do total brasileiro. Em 2023, as exportações atingiram 61,7 milhões de toneladas, correspondendo a 34% do total nacional. Apesar desse crescimento significativo, o percentual relativo estabilizou-se desde 2020, indicando a necessidade de novos investimentos e melhorias logísticas para continuar avançando.

Como agravante, as secas sazonais cada vez mais intensas nos rios Madeira e Tapajós estão causando sérios transtornos na logística de escoamento de grãos, especialmente para os produtores do Mato Grosso, principal região agrícola do Brasil. Esses rios são rotas cruciais para o transporte de grãos em direção aos portos do Norte, onde o escoamento para exportação se realiza, mas o volume de água reduzido durante as secas limita a navegabilidade das embarcações.

Com a redução no calado dos rios, as barcaças não conseguem operar com sua capacidade plena, exigindo a redução da carga transportada. Isso aumenta os custos logísticos, já que mais viagens são necessárias para transportar a mesma quantidade de grãos. Além disso, em alguns momentos críticos, a navegação é interrompida completamente, forçando os produtores a desviarem o transporte para rotas terrestres, como rodovias, que são mais caras e menos eficientes.

Esses problemas têm um impacto significativo na competitividade das exportações brasileiras de grãos, principalmente soja e milho, aumentando o custo total da cadeia logística e comprometendo o cumprimento dos contratos internacionais de exportação. A falta de infraestrutura adequada para enfrentar essas variações sazonais de água nos rios também agrava a situação, exigindo soluções urgentes tanto em termos de planejamento logístico quanto de investimentos em infraestrutura resiliente

Há então premente necessidade de dotar o Maranhão de seu Plano de Integração Multimodal e Logística, em consonância com o PNL 2035 e o esperado Plano Nacional de Ferrovias, racionalizando o uso das Ferrovias Carajás ,Norte Sul e Transnordestina com as Rodovias BR e MA, em demanda aos portos da Baia de São Marcos.

Em resumo, a estratégia de integração da EF-317 e do Terminal Portuário de Alcântara ao Porto do Itaqui é vital para o futuro da logística de grãos no MATOPIBA e Arco Norte. Com investimentos contínuos e uma abordagem coordenada, o estado poderá alcançar um novo patamar de eficiência e competitividade no mercado global, superando as atuais limitações e promovendo um crescimento sustentável no setor agrícola com reflexos na nova industrialização.

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