quarta-feira, 18 de dezembro de 2024
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A nova era do entretenimento: acelerando a transição sustentável

Por Francisco Brasileiro. Produtor criativo e empreendedor ESG 

Mateus Solano. Ator e defensor ambiental

 

Fernando de Noronha foi o cenário ideal para refletirmos sobre o futuro da infraestrutura e, principalmente, sobre a urgência de repensarmos nossa relação com o meio ambiente. Ao observarmos a natureza, muitas vezes ignoramos uma verdade fundamental: ela é a infraestrutura que sustenta a vida. Nos últimos 250 anos, no entanto, nossa sociedade tem sistematicamente falhado em reconhecer esse fato, tratando os recursos naturais como inesgotáveis. Agora, estamos pagando o preço por essa exploração predatória.

O Congresso Sustenta Export reforçou que a transição verde não é apenas uma escolha, mas uma necessidade imediata. Contudo, em meio a tantas promessas, ainda vemos muito greenwashing – discursos vazios que escondem a falta de ações reais. A sustentabilidade não pode ser apenas uma estratégia de marketing; ela precisa ser uma prática genuína, transformadora e enraizada em ações concretas. Empresas, governos e a sociedade precisam entender que essa é uma missão coletiva, exigindo colaboração em todos os níveis.

No nosso dia a dia, tanto nas telas quanto fora delas, estamos comprometidos com a sustentabilidade. Práticas como separação de lixo, compostagem, uso de energia solar e carros elétricos já fazem parte de nossas rotinas. Esses pequenos gestos geram impacto nas nossas famílias, amigos e no público que acompanha as ações de Mateus, sendo a base da transformação que queremos promover em escala maior.

No entanto, a verdadeira mudança precisa começar pelas grandes indústrias. Quando bem implementada, a sustentabilidade não só gera lucro, como também evita prejuízos significativos a longo prazo. Empresas que integram práticas sustentáveis, como a Unilever e a Ikea, já estão colhendo os frutos de sua visão de futuro, consolidando suas marcas, fidelizando clientes e garantindo segurança financeira em meio a um cenário de mudanças globais. Em contrapartida, aquelas que resistem à transformação, como vimos no escândalo do Dieselgate de uma das maiores montadoras de automóveis do mundo, acabam pagando um preço alto pela falta de responsabilidade ambiental. As consequências vão além das multas bilionárias e tocam na reputação e na confiança que os consumidores depositam nessas marcas, com danos que podem levar anos para serem reparados.

Enquanto isso, nossos biomas queimam. As queimadas no Brasil não apenas destroem nossa biodiversidade, mas também afetam nossa economia, atingindo setores como a agricultura, o turismo e, é claro, a infraestrutura. A cada incêndio florestal, estradas, portos e aeroportos são impactados, e os eventos climáticos extremos geram prejuízos econômicos e operacionais gigantescos. Chuvas intensas e longas secas já mostram que a falta de políticas sustentáveis compromete diretamente o setor de infraestrutura, afetando desde a logística até o transporte.

Ainda assim, há esperança. Projetos inovadores ao redor do mundo provam que é possível construir de forma inteligente e sustentável. O exemplo da Battersea Power Station em Londres, que foi transformada de uma antiga central elétrica em um ícone de regeneração urbana sustentável, e o porto de Rotterdam, que adotou tecnologias verdes para reduzir suas emissões de carbono, são modelos a serem seguidos. No Brasil, o porto de Santos também está dando passos importantes em direção a soluções mais ecológicas, servindo de exemplo para outros terminais no país.

Uma chave para essa transformação é o entretenimento. Ele pode e deve ser usado como ferramenta de engajamento e mudança. Programas de entrevistas, documentários e reality shows têm o poder de educar, inspirar e engajar o público em larga escala, destacando as iniciativas das empresas e mostrando como práticas sustentáveis e transparentes podem gerar lucros. O entretenimento permite que grandes marcas comuniquem suas ações ESG (ambientais, sociais e de governança) de forma acessível e envolvente, criando uma conexão emocional com os consumidores.

Compromisso com a transparência é fundamental para mensurar KPIs eficazes e garantir um ROI sustentável. Empresas que unem transparência – lê-se sinceridade-  ao entretenimento como pilar podem avaliar com clareza seus impactos ambientais, ajustar estratégias para maximizar resultados e fortalecer a confiança com consumidores e investidores.

Com a crescente demanda por práticas ESG, o entretenimento não é apenas uma ferramenta de mobilização social, mas também uma poderosa plataforma de mercado. Empresas que integram sustentabilidade em suas produções audiovisuais atraem uma nova geração de consumidores conscientes, criando um vínculo duradouro e valioso. Estudos de mercado mostram que 85% dos consumidores globais esperam que as empresas tenham uma postura ativa em questões ambientais, e essa tendência só cresce. Ao acelerar a transição sustentável através do entretenimento, estamos não só educando, mas também gerando novos modelos de receita, capazes de aliar lucros à responsabilidade social, ampliando o valor de mercado das marcas envolvidas.

Como artistas, sabemos que a arte pode ser uma poderosa aliada na promoção da educação ambiental. Cinema, televisão e plataformas digitais são vitrines para soluções inovadoras que inspiram milhões de pessoas.

Com a COP30 se aproximando e sendo sediada em Belém, o Brasil tem uma oportunidade única de se posicionar como líder dessa transformação global. Temos os recursos, a criatividade e a paixão para liderar essa mudança.

O momento de agir é agora. Se queremos garantir um futuro digno para nós, nossos filhos e netos, precisamos agir imediatamente. A natureza é a infraestrutura das nossas vidas, e protegê-la é mais do que um dever; é a chave para nossa sobrevivência e prosperidade.

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