O maior porta-contêiner operado no Brasil hoje é o 366M, operado pela MSC, com capacidade para 15 mil TEUs. A entidade afirma que, dos 17 portos com operação de contêiner no país, apenas seis estão homologados para receber o navio, entre eles Santos, Paranaguá (PR) e Sepetiba (RJ). Foto; Divulgação/APS
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Portos nacionais não suportam novos navios, diz Centronave
Embarcações maiores chegam ao mercado em 2026, mas terminais não têm calado nem berços adequados
Quase metade da capacidade dos grandes navios porta-contêineres que chegam ao mercado até 2026 não pode ser aproveitada no Brasil devido à defasagem dos calados (profundidade) e berços (área de atracação) dos terminais brasileiros. As informações são de um estudo feito pelo Centro de Navegação Transatlântico (Centronave).
A entidade analisou números da plataforma Alphaliner, que reúne dados sobre o setor. Segundo o levantamento, até 2026, o mercado vai receber aproximadamente 4,5 milhões de TEUs (unidade de contêiner de 20 pés) em nova capacidade relacionada a navios que carregam mais de 10 mil TEUs – os maiores e mais novos do setor. Mas, apenas 47% desse montante é suportado nos terminais brasileiros, de acordo com o Centronave.
Um dos desafios é o calado ideal: para que os portos possam receber navios de porte maior, a profundidade deve ser de pelo menos 16 metros – em maré baixa. Outro entrave na operação é a elevada ocupação dos berços nos complexos portuários brasileiros.
Para driblar o calado insuficiente aos grandes navios, as empresas não carregam a capacidade total das embarcações, já que o peso de mais contêineres inviabilizaria a saída dos navios.
De acordo com o Centronave, o maior porta-contêiner operado no Brasil hoje é o 366M, operado pela MSC, com capacidade para 15 mil TEUs. A entidade afirma que, dos 17 portos com operação de contêiner no país, apenas seis estão homologados para receber o navio, entre eles Santos, Paranaguá (PR) e Sepetiba (RJ). Ainda assim, as restrições de infraestrutura atrapalham a operação em plena capacidade nesses terminais, diz a associação.
O Centronave estima uma perda de receita anual para o país de US$ 20,6 bilhões (mais de R$ 116,5 bilhões) em importações e exportações devido às restrições. O número leva em consideração rotas que partem de Santos para Europa, Ásia e Mediterrâneo.
Como solução ao problema, o setor cobra o governo para que sejam realizadas mais obras de dragagens nos terminais. No porto de São Francisco do Sul (SC), por exemplo, a autoridade portuária pretende publicar ainda em 2024 o edital para contratar a empresa que fará o alargamento e o aprofundamento do acesso à Baía de Babitonga, onde estão localizados o terminal e o Porto de Itapoá. Com a dragagem, a profundidade do canal de acesso aos dois portos chegará a 16 metros.
Segundo Claudio Loureiro, diretor executivo do Centronave, há uma demanda de alguns segmentos que exige elevação na quantidade de carga transportada pelos porta-contêineres ou aumento na frequência de navios. Por causa das restrições de calado e do gargalo nos berços, nenhuma das duas medidas pode ser implementada pelos armadores (transportadoras).
“É dramático. Eu tenho navio grande que não posso usar na sua plenitude. E os terminais que poderiam operar a plenitude não operam porque o navio não chega. Precisaria de dragagem de aprofundamento, dragagem de manutenção e mais área”, afirma Loureiro.