Um longo caminho para a descarbonização
Os dados sobre transição energética no setor portuário apresentados pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) nessa quinta-feira, dia 31, revelam um cenário preocupante: a esmagadora maioria dos portos brasileiros ainda não possui metas concretas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Essa realidade contrasta com os desafios impostos pelas mudanças climáticas e com o compromisso assumido pelo Brasil perante a Organização Marítima Internacional (IMO) de zerar as emissões do setor até 2050.
A dependência de combustíveis fósseis nas operações portuárias é um dos principais entraves para a descarbonização do setor. A utilização de combustíveis menos emissores, como biodiesel e GNL, ainda é tímida, o que demonstra a necessidade de investimentos em tecnologias limpas e em fontes de energia renovável.
A ausência de metas de redução de emissões e a falta de inventários de carbono em grande parte dos portos e terminais demonstram a urgência de se adotar medidas mais concretas para enfrentar esse desafio. A Antaq está dando um passo importante ao incluir a obrigação de realizar inventários de baixo carbono nos novos contratos de concessão, mas é preciso ir além.
É fundamental que os portos brasileiros estabeleçam metas ambiciosas de redução de emissões e desenvolvam planos de ação para alcançá-las. Esses planos devem incluir medidas como a otimização das operações, a utilização de fontes de energia renovável, a eletrificação dos equipamentos portuários e a adoção de combustíveis mais limpos.
Além disso, é preciso investir em pesquisa e desenvolvimento para encontrar soluções inovadoras para a descarbonização do setor portuário. A captura e o armazenamento de carbono, a produção de hidrogênio verde e a utilização de biocombustíveis avançados são algumas das tecnologias que podem contribuir para a redução das emissões.
A transição para uma economia de baixo carbono exige a participação de todos os atores envolvidos: Governo, empresas, sociedade civil e academia. É preciso criar um ambiente favorável para investimentos em tecnologias limpas, oferecendo incentivos fiscais e linhas de crédito específicas para o setor portuário.
A descarbonização dos portos brasileiros é um desafio complexo, mas é fundamental para garantir um futuro sustentável para o País. Ao adotar medidas concretas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, os portos brasileiros poderão contribuir para a mitigação das mudanças climáticas e para a construção de uma economia mais verde e competitiva. Deve-se destacar que essa é uma questão urgente e que exige a ação de todos. Ao investir em tecnologias limpas, em fontes de energia renovável e em medidas de eficiência energética, os portos brasileiros poderão se tornar mais sustentáveis e competitivos, contribuindo para a construção de um futuro mais limpo e justo para todos.