Reencontro com Gênova, dos vultos à reinvenção
Gênova continua a mesma, carregando sua história. Volto um ano depois e reencontro os motivos de sua ousadia.
Como nós, humanos, a cidade acumula lembranças de sua vida.
Sigo na noite do Mediterrâneo vendo o rastro do navio singrando o destino, com caudalosa espuma branca a cada fração de milha percorrida.
O rastro não é uniforme, como pasta de dente. Vejo da varanda fulcros que se sucedem como nossas memórias, e aos poucos se dissipam como a dor de más lembranças.
Mas a espuma se esvai sem ir, debaixo das estrelas.
Importa que sim, navegar é preciso, esse é o meu destino e o destino desta cidade como todas.
Partimos da Ligúria para visitar outros portos do caudaloso Mediterrâneo. Partimos, membros da delegação do Brasil Export, a bordo do MSC Fantasia, em busca de novas experiências.
Percorremos a mesma latitude que por muito tempo aventureiros genoveses percorreram, no caminho para as Índias, em busca de especiarias.
Corajosos marujos que partiam e voltavam guiados pelo farol de Gênova.
Navegar era o sentido dos genoveses, como este grupo de empresários que formam uma autêntica família espalhada pelo Brasil e que vive do mar e da infraestrutura. São homens e mulheres cujo labor é sustentar a economia e alimentar o mundo.
Como os genoveses faziam ao disputar com os mercadores de Veneza as riquezas das Índias.
Diferente de quando Gênova era só trapiches, mas já ocupava a vanguarda na busca do Novo Mundo.
Da Vinci e Colombo são provas da ousadia desse povo. O artista que não se contentava em expor sua genialidade através da arte e criava em vários campos, até da tecnologia.
Colombo, aventureiro audaz, pôs a coragem a serviço do Reino da Espanha e sempre imaginou ter chegado às Índias quando aportava em todo o Caribe.
Mas Gênova não esqueceu o seu filho ilustre, e agora que retorno à terra, reencontro seu espírito enquanto seu corpo jaz em Sevilha. Importante que jamais o esqueceram, afinal Gênova, como todo o Velho Mundo, cultua sua história, ao mesmo tempo que pratica a ousadia da renovação. É, a cidade se reinventa sem diluir suas lembranças. Que são expostas em majestosos palácios e castelos. Ao contrário das espumas deste navio que se diluem e se perdem debaixo do luar.
Navegar é preciso, com o rastro das vidas dos homens e das cidades.