quarta-feira, 18 de dezembro de 2024
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Luiz Dias Guimarães

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Reencontro com Gênova, dos vultos à reinvenção

Gênova continua a mesma, carregando sua história.  Volto um ano depois e reencontro os motivos de sua ousadia.

Como nós, humanos, a cidade acumula lembranças de sua vida.

Sigo na noite do Mediterrâneo vendo o rastro do navio singrando o destino, com caudalosa espuma branca a cada fração de milha percorrida.

O rastro não é uniforme, como pasta de dente. Vejo da varanda fulcros que se sucedem como nossas memórias, e aos poucos se dissipam como a dor de más lembranças.

Mas a espuma se esvai sem ir, debaixo das estrelas. 

Importa que sim, navegar é preciso, esse é o meu destino e o destino desta cidade como todas.

Partimos da Ligúria para  visitar outros portos do caudaloso Mediterrâneo. Partimos, membros da delegação do Brasil Export, a bordo do MSC Fantasia, em busca de novas experiências.

Percorremos a mesma latitude que por muito tempo aventureiros genoveses percorreram, no caminho para as Índias, em busca de especiarias.

Corajosos marujos que  partiam e voltavam guiados pelo farol de Gênova.

Navegar era o sentido dos genoveses, como este grupo de empresários que formam uma autêntica família espalhada pelo Brasil e que vive do mar e da infraestrutura. São homens e mulheres cujo labor é sustentar a economia e alimentar o mundo.

Como os genoveses faziam ao disputar com os mercadores de Veneza as riquezas das Índias. 

Diferente de quando Gênova era só trapiches, mas  já ocupava a vanguarda na busca do Novo Mundo.

Da Vinci e Colombo são provas da ousadia desse povo. O artista que não se contentava em expor sua genialidade através da arte e criava em vários campos, até da tecnologia.

Colombo, aventureiro audaz, pôs a  coragem a serviço do Reino da Espanha e sempre imaginou ter chegado às Índias quando aportava em todo o Caribe.

Mas Gênova não esqueceu o seu filho ilustre, e agora que retorno à terra, reencontro seu espírito enquanto seu corpo jaz em Sevilha. Importante que jamais o esqueceram, afinal Gênova, como todo o Velho Mundo,  cultua sua história, ao mesmo tempo que pratica a ousadia da renovação. É, a cidade se reinventa sem diluir suas lembranças. Que são expostas em majestosos palácios e castelos. Ao contrário das espumas deste navio que se diluem e se perdem debaixo do luar. 

Navegar é preciso,  com o rastro das vidas dos homens e das cidades.

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