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Adilson Luiz Gonçalves

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O Porto de Santos “tá ligado”

O abastecimento de energia elétrica de embarcações por terra, conhecido como “Onshore Power Supply – OPS” ou “Cold Ironing”, é um dos sistemas que caracterizam os “portos verdes” (“green ports”). A disponibilização de OPS nos portos possibilita que as embarcações desliguem seus motores a combustão, reduzindo a emissão de gases de efeito estufa.

É certo que existem outras iniciativas que também contribuem para a caracterizar um “porto verde”, e todas exigem investimentos em infraestrutura.

Os portos de Los Angeles e Long Beach tem esse serviço em larga escala. Terminais de cruzeiros de alguns países também, considerando que esse tipo de embarcação é o que mais consome energia, às vezes o equivalente a uma pequena cidade, por conta dos milhares de passageiros e tripulantes que transporta.

É importante ressaltar que, no caso do OPS, não basta fornecer energia elétrica, o ideal é que ele seja gerada por fonte “limpa”, e nisso o Brasil é uma referência mundial. No entanto, são raras as instalações portuárias brasileiras que dispõe de OPS.

A Antaq criou o Índice de Desempenho Ambiental – IDA, que vem sendo aplicado desde 2012. Um dos indicadores considerados é o Fornecimento de Energia para Embarcações, qualificado em três níveis: N1 – Não possui sistema OPS; N2 – Realizou estudo de viabilidade para a implantação de um sistema OPS; e N3 – Dispõe de sistema OPS.

Assim como os demais indicadores, as informações são fornecidas pelos responsáveis pelos portos públicos e privados, e, salvo engano, não são auditadas pela Antaq.

Com certa regularidade, pesquiso o portal do IDA para verificar o estágio de implantação de OPS em portos brasileiros. Segundo os dados mais recentes, de 2022, dentre os portos públicos, 73,33% estavam no nível N1 e 26,67% no nível N2, inclusive o Porto de Santos.

No caso dos TUPs, 92,50% estavam no N1, 5,83% no N2, e 1,67% no N3, ou seja, dispunha de sistema OPS.

Fui verificar quais os TUPs que afirmaram fornecer eletricidade para embarcações. A maioria são terminais de barcaças, embarcações não autopropelidas. Apenas um TUP do Rio Grande do Sul dispõe de OPS para navios de carga.

Em 2024, um terminal do Porto do Açu/RJ implantou sistema de OPS para rebocadores.

É preciso muito mais, e o exemplo precisa vir de cima!

Foi o que aconteceu em 14 de novembro de 2024, data em que o Porto de Santos implantou seu sistema de OPS para rebocadores na região da curva do Armazém 23, com capacidade para abastecer até 6 (seis) embarcações.

Atualmente, o Porto de Santos dispõe de 21 (vinde e um) rebocadores, operados por 5 (cinco) empresas. Essas embarcações, quando ociosas, não mais precisarão manter seus motores ligados, contribuindo para a redução de emissões de GEE.

Outro detalhe interessante é que esse sistema OPS é totalmente abastecido pela Usina de Itatinga, ou seja, atende ao parâmetro de fonte de energia limpa 

Durante a cerimônia, que contou com representantes da APS, do Sindiporto, empresas de rebocadores, da Capitania dos Portos de São Paulo e da Prefeitura de Santos, rebocadores celebraram o evento com apitos e jatos de água, um marco significativo de um processo que está apenas começando no principal complexo portuário do Brasil.

É um primeiro passo no caminho para o Porto de Santos se tornar “verde”, que se une a outras iniciativas em andamento, como a elaboração de inventário de GEE (gases do efeito estufa), programas ambientais e incentivos tarifários para embarcações menos poluentes.

O atual cenário demonstra que o Porto de Santos “tá ligado”, e deve melhorar ainda mais sua posição no ranqueamento do IDA.

Mas também é necessário que a Agência Nacional de Petróleo – ANP crie condições para que combustíveis menos poluentes, chamados “de transição”, sejam disponibilizados no País, de maneira que o sistema portuário nacional se adeque ao compromisso da IMO.

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