Segundo o levantamento do Cecafé, de janeiro a novembro de 2024, o país acumulou 1,615 milhão de sacas de 60 quilos não embarcados de café, o equivalente a 4.895 contêineres (Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil)
Portos
Prejuízo logístico afeta exportação de café no Brasil
Gargalos e atrasos nos principais portos causaram perda cambial de R$ 2,85 bilhões em 2024, diz Cecafé
Os exportadores de café tiveram um prejuízo portuário de R$ 11,930 milhões no mês de novembro. Em receita, o não embarque de café fez com que o Brasil deixasse de receber US$ 469,53 milhões (cerca de R$ 2,85 bilhões) nos 11 primeiros meses de 2024. Foi o que apontou o levantamento do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), divulgado nesta semana.
De janeiro a novembro de 2024, o país acumulou 1,615 milhão de sacas de 60 quilos — que representam 4.895 contêineres — não embarcados do produto. O valor referente ao prejuízo portuário, de acordo com a associação, envolve gastos extras com armazenagens adicionais, detentions, pré-stacking e antecipação de gates.
Com um preço médio Free on Board (FOB) de exportação de US$ 290,66 por saca (café verde) e a média do dólar em R$ 5,8065 em novembro, o não embarque desse café implica que o Brasil deixou de receber, nos 11 primeiros meses de 2024, US$ 469,53 milhões, ou R$ 2,726 bilhões, como receita cambial.
Segundo o diretor-técnico do Cecafé, Eduardo Heron, os exportadores brasileiros seguem enfrentando gargalos logísticos, principalmente em função do aumento das exportações de outros produtos que utilizam contêineres para o acondicionamento de embarques.
Além disso, o executivo do Cecafé cita a falta de infraestrutura adequada para contêineres nos portos brasileiros.
“Os entraves na logística e os prejuízos acumulados por nossos exportadores externam que os principais portos brasileiros para exportação de café e demais cargas que demandam contêineres não acompanharam a evolução do agronegócio no país, sendo nítida a falta de infraestrutura portuária adequada. A demanda por capacidade de pátio e berço maiores, condições adequadas de rodovias, ferrovias e hidrovias para atender ao agronegócio brasileiro, assim como o aprofundamento de calado para o recebimento de maiores embarcações, são cada vez mais necessárias no país”, comentou.
Conforme apresentou o Boletim Detention Zero (DTZ), elaborado pela startup ElloX Digital, 66% dos navios, que correspondem a 200 de 304 embarcações, tiveram atrasos ou alteração de escalas que impactaram o resultado das exportações de café nos principais portos do Brasil em novembro do ano passado.
De acordo com os dados do boletim DTZ, o Porto de Santos (SP), que responde por 67,6% dos embarques de café no acumulado dos 11 primeiros meses de 2024, registrou um índice de 78% de atraso ou alteração de escalas de navios em novembro, o que envolveu 125 do total de 160 embarcações.
Já o Porto do Rio de Janeiro, segundo maior exportador dos cafés do Brasil, com 28,2% de participação nos embarques no acumulado de 2024, teve índice de atrasos de 61% em novembro, com o maior intervalo sendo de 53 dias entre o primeiro e o último deadline.
Com 46,4 milhões de sacas exportadas no acumulado de 2024 até novembro, o Brasil já bateu o recorde anual de embarque, que era de 44,7 milhões de sacas, registrado em 2020. Nos 11 primeiros meses do ano passado, houve um crescimento de 24,6% nas exportações realizadas por Santos e de 53,2% pelo complexo portuário do Rio de Janeiro.