A fusão permitirá a integração de operações, como o compartilhamento de aeronaves para otimizar a conectividade entre grandes cidades e destinos remotos (Foto: Divulgação)
Nacional
Azul e Gol firmam acordo para fusão e domínio do mercado nacional
As duas gigantes brasileiras se unem para formar um novo grupo com mais de 60% de participação no mercado doméstico
A Azul e a holding Abra Group, controladora da Gol e da Avianca, assinaram um memorando de entendimento na quarta-feira (15), marcando o início de um processo que visa à fusão de seus negócios no Brasil. Caso concretizada, a união resultará em um grupo com mais de 60% de participação no mercado doméstico, reforçando a presença do Brasil em um setor altamente globalizado.
O Chapter 11, mencionado como condição fundamental para a fusão, é o equivalente norte-americano ao processo de recuperação judicial no Brasil. Ele permite que empresas em dificuldades financeiras renegociem suas dívidas enquanto continuam operando, protegendo seus ativos e garantindo a continuidade dos negócios. A Gol entrou com pedido de reestruturação nesse formato em janeiro de 2024, e a aprovação de seu plano pelos credores é essencial para a criação do novo grupo. A companhia estima sair do processo em 11 de maio.
O memorando estabelece que as marcas Azul e Gol continuarão operando de forma independente, mantendo seus certificados operacionais e identidades. Entretanto, a fusão permitirá a integração de operações, como o compartilhamento de aeronaves para otimizar a conectividade entre grandes cidades e destinos remotos.
A estrutura da nova empresa será de uma corporation, sem controlador definido, mas com a Abra como maior acionista. O CEO será indicado pela Azul, enquanto o chairman será designado pela Abra no período inicial de três anos. O conselho de administração será composto por nove membros: três indicados pela Azul, três pela Abra e três independentes.
Um dos principais pontos do acordo é a alavancagem financeira da nova empresa, que não poderá ultrapassar os níveis da Gol após a conclusão da reestruturação no Chapter 11, atualmente estimada em 4,5 vezes o Ebitda (sigla em inglês para “lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização”). Esse indicador é amplamente utilizado para medir a geração operacional de caixa de uma empresa, sem considerar efeitos financeiros ou contábeis. A expectativa é que esse índice seja reduzido para 1,9 vez até 2029.
A fusão não demandará novos investimentos financeiros, utilizando apenas os ativos já disponíveis das duas companhias. Além disso, as ações da nova empresa serão listadas no Novo Mercado, segmento de maior governança da B3, e na bolsa de Nova York (Nyse).
Embora os detalhes econômicos ainda precisem ser definidos, a fusão deverá ser submetida a análises dos órgãos reguladores brasileiros, como o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). O início das operações conjuntas está previsto para 2026, após a aprovação final.
A Azul destacou que “a estrutura pretendida, resultado de uma combinação da Azul e da Gol, posicionará o Brasil em um nível maior de força global em um setor altamente globalizado”. A Gol, por sua vez, reafirmou que o acordo “não tem impacto na estratégia, na condução dos negócios ou nas operações rotineiras” enquanto a empresa foca na conclusão do Chapter 11.
As ações de ambas as companhias reagiram positivamente às notícias. Os papéis da Azul fecharam em alta de 6%, cotados a R$ 4,41, enquanto os da Gol permaneceram estáveis a R$ 1,63. No último mês, as ações da Gol acumularam alta de mais de 26%, refletindo a expectativa de avanços no processo de recuperação judicial e na fusão com a Azul.