Um hotel para ‘insectos’
Dia desses li sobre um mega parque logístico em Portugal. Li também sobre planos de se criar algo semelhante em nossos portos, e aí já começou o furdunço. Não vou entrar nessa discussão. É para especialistas como tantos por aqui. Mas sou atrevido e pergunto: O que são ‘hotéis de insectos’?
O português de Portugal tem dessas coisas que para nós podem virar memes. Em um dos jornais lusitanos, falava-se de um grande empreendimento lusitano da VGP de origem tcheca, que está entrando com tudo naquele mercado, construindo mega parques logísticos.
Há planos para mais de um. Não me surpreende. Portugal é antenada dentro do mundo do Euro. Muitas cidades, consideradas aldeias, ostentam parques na sua periferia. Para diversas utilidades. Lembro-me de visitar um em Arouca, galpões destinados a variadas produções. Vi também em Barcelona. A Europa junta quem produz.
A logística, então, que faz a roda girar no mundo, não pode ficar atrás. Hoje, mais importante que o que se faz, é quando se entrega ao voraz consumo neste tempo de e-commerce. Zaragoza se exibiu com méritos na última missão do Brasil Export. Plaza – Plataforma Logística de Zaragoza, é uma verdadeira cidade de 12 milhões de metros quadrados, a maior do continente europeu. No meio do país, faz a interligação multimodal da Espanha, com repercussão por toda a Europa, num raio de ação de 300 quilômetros. A ideia é óbvia e simples: liga avião, caminhão, trem e navio. E nessa miscelânea modal ensina que os portos têm que ir muito além do costado.
À medida que se alargam terras adentro, portos como de Valência e Barcelona se valorizam e crescem. É uma ideia que me parece lógica, seja onde for. Quando se criam pólos de distribuição, ganha-se em sustentabilidade, otimização e tempo. Porque coloca-se cada macaco no seu galho. Assim como um avião não pode fazer a entrega do Mercado Pago na minha rua, não se pode esperar que a carreta percorra um continente para simplesmente deixar um contêiner na beira do navio. Tampouco este pode entregar em domicílio a encomenda do FedEx. Ou uma carta de amor.
Há hoje um consenso no Brasil. Fomentar ferrovias para longos percursos e rodovias para pequenas distâncias. Vi isso em Valparaíso, importante porto mexicano. Recordo-me de poucos caminhões. Mas encantou-me a quantidade de trilhos a beirar seus navios. Portos como o de Santos buscam o mesmo caminho, privilegiando a ferrovia. Afinal não dá para agüentar 10 mil caminhões todos os dias, por mais que se organize a romaria.
Esse assunto certamente vai dar panos pra manga, muito se haverá de discutir por aqui. É verdade que cada região tem suas peculiaridades. Não se pode generalizar. Mas o conceito é para nortear planos e pensamentos.
A plataforma que conheci em Zaragoza dialoga bem com os modais. E mais importante, dialoga com quem trabalha nesse imenso universo. Quando digo que é uma verdadeira cidade não exagero. Lá há restaurantes, até hotéis!
Como no mega parque português, cujo empreendedor anuncia que terá todas as comodidades, incluindo energia fotovoltaica, robôs e casa de pássaros. Só não entendi essa história, oh raios, de ‘hotéis de insectos’. Não é preciso chegar a tanto.