Ação chinesa em torno de Taiwan altera rota de navios

Embarcações evitam confronto com militares da China; portos de Taiwan operam normalmente

Os exercícios militares da China, com o lançamento de mísseis em águas ao redor de Taiwan, levaram alguns navios a trafegar pelo Estreito de Taiwan, evitando proximidade com a ilha e interrompendo as principais rotas comerciais de cargas, especialmente commodities, segundo analistas.

Embora os portos de Taiwan estejam operando normalmente, alguns navios conteineiros e petroleiros estão desviando da ilha para evitar confrontos com militares chineses, atrasando as viagens em meio dia, em média.

Essa situação alerta para os impactos no comércio global de um eventual conflito entre China e Taiwan. O Estreito de Taiwan possui 180 km de largura (110 milhas) e a rota marítima para o leste da ilha integra um dos principais percursos para navios que transportam cargas do leste da Ásia para os Estados Unidos e a Europa.

Alguns navios já tomaram precauções e estão seguindo para o leste da ilha, em vez de pelo Estreito de Taiwan.

Retaliação

Os exercícios militares são uma retaliação da China ao fato de Taiwan ter recebido na última terça-feira a presidente da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, Nancy Pelosi. Foi a primeira vez em 25 anos que uma autoridade do alto escalão norte-americano visitou a ilha, que é autogovernada, mas a China reivindica como parte de seu território.

O país asiático, inclusive, nunca descartou a possibilidade de usar a força para exercer sua soberania e entende que suas diferenças com Taiwan são um assunto interno.

De acordo com a emissora estatal de TV chinesa, os exercícios militares tiveram início na quinta-feira, um dia depois de a deputada ter deixado a ilha, e devem se estender até este domingo.

Nancy Pelosi e sua delegação fizeram um tour pela Ásia, passando por Singapura, Malásia, Coreia do Sul, Taiwan e Japão.