Durante a vigência do acordo, a Ucrânia pôde exportar com segurança pelo Mar Negro quase 33 milhões de toneladas métricas de milho, trigo e outros grãosCrédito: Serhii Smolientsev/Reuters via Agência Brasil
Internacional
Acordo de grãos do Mar Negro chega ao fim
Rússia decidiu suspender sua participação no pacto, que permitia à Ucrânia exportar o produto em segurança
Chegou ao fim na segunda-feira, dia 17, o pacto que permitiu à Ucrânia exportar seus grãos em segurança pelo Mar Negro nos últimos 12 meses. A Rússia decidiu suspender sua participação no acordo, que tinha o objetivo de evitar uma crise global de alimentos.
Rússia e Ucrânia são dois dos países que mais exportam grãos no mundo. Após invadirem a Ucrânia em fevereiro do ano passado, os russos bloquearam os portos do país no Mar Negro, o que fez os preços dos grãos dispararem.
Com cerca de 20 milhões de toneladas de grãos retidas nos portos da Ucrânia, alguns países que já sofriam uma crise de segurança alimentar, como o Líbano, tiveram sua situação agravada. Para evitar um cenário ainda pior, foi firmado um pacto em julho de 2022, com participação da ONU (Organização das Nações Unidas) e da Turquia.
Durante a vigência do acordo, a Ucrânia pôde exportar com segurança pelo Mar Negro quase 33 milhões de toneladas métricas de milho, trigo e outros grãos. O último navio deixou o país no domingo, dia 16.
A Rússia notificou formalmente a Ucrânia que suspenderia sua participação. Segundo o porta-voz do Kremlin (sede do governo russo), Dmitry Peskov, “parte desses acordos do Mar Negro em relação à Rússia não foi implementada até agora. Então, seu efeito foi encerrado”.
Os russos alegam que o acordo prejudicou as suas próprias exportações de grãos e fertilizantes e que suas solicitações por uma solução nesse sentido não foram atendidas. Além disso, não estariam chegando grãos suficientes aos países pobres.
Já as Nações Unidas sustentam que o pacto beneficiou essas nações mais necessitadas, uma vez que houve uma redução de mais de 20% no preço global dos alimentos.
Peskov, no entanto, abriu a possibilidade de retomar seu compromisso com o pacto. “Assim que a parte russa dos acordos for cumprida, o lado russo retornará à implementação deste acordo imediatamente”.
Um porta-voz do governo da Alemanha informou que o país vem apelando para que a Rússia estenda o acordo.