Nas redes sociais, Ursula escreveu: “Aterrissagem na América Latina. A linha de chegada do acordo UE-Mercosul está à vista". Assinatura deve sair nesta sexta-feira (6). Foto: Arquivo/Ricardo Stuckert
Internacional
Acordo entre Mercosul e UE deve ser assinado nesta sexta
Chanceler do Uruguai afirmou que ‘todas as partes’ chegaram a um acordo sobre assinatura do tratado; Macron reforçou oposição
A capital do Uruguai, Montevidéu, deve ser o palco da assinatura de um acordo histórico, que prevê a criação de um mercado com mais de 700 milhões de pessoas, o quinto bloco comercial global. A presidente da Comissão Europeia, Ursula Von Der Leyen, chegou ao país na manhã desta quinta-feira (5). A expectativa é que o acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia (UE) seja confirmado oficialmente amanhã (6), com assinatura durante a reunião da cúpula do Mercosul.
Nas redes sociais, Ursula escreveu: “Aterrissagem na América Latina. A linha de chegada do acordo UE-Mercosul está à vista. Vamos trabalhar, vamos atravessar. Temos a oportunidade de criar um mercado de 700 milhões de pessoas, a maior parceria comercial e de investimentos que o mundo já viu. Ambas as regiões serão beneficiadas.”
O chanceler do Uruguai, Omar Paganini, afirmou também que ‘todas as partes’ chegaram em um consenso favorável sobre o acordo entre os dois blocos econômicos. O tratado começou a ser negociado em 1999. Em 2019, os dois blocos haviam assinado o acordo, mas o texto precisava passar por uma revisão técnica e validação dos parlamentos de todos os países envolvidos no tratado. O acordo voltou a ser negociado após ficar quatro anos parado.
A presidente da UE sempre se mostrou favorável ao acordo, bem como a Alemanha, Espanha, Portugal e Suécia. Contra o tratado está a França, de Emmanuel Macron – país que é o maior produtor agrícola da Europa – Polônia, Áustria e Holanda. A Itália ainda não definiu sua posição, mas pediu ajustes, especialmente em questões agrícolas.
Em nota divulgada hoje pela presidência da França, Macron afirmou a representantes da UE que o projeto é “inaceitável do jeito que está”, e disse que vai continuar a “defender a soberania agrícola” do país.
O presidente francês vem respondendo à pressão de agricultores do país, que tem receio em relação à concorrência dos produtos do Mercosul, especialmente à carne produzida no Brasil, Argentina e Uruguai.
Aumento do PIB
A Comissão Europeia ainda não confirmou oficialmente se vai assinar o acordo, mas já fez os cálculos sobre o que pode ganhar com o tratado. O bloco europeu espera aumento no PIB de € 15 bilhões, com o acesso privilegiado de empresas europeias no Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. Para o Mercosul, o ganho passaria dos € 11 bilhões.
Mesmo após a assinatura, para entrar em vigor, o acordo precisa ser aprovado pelo Parlamento dos 31 países que fazem parte da UE.