Os dados indicaram que quase todas as atividades da fazenda utilizam algum tipo de tecnologia. Na pesquisa, por exemplo, 61% dos entrevistados disseram que usam drones (Foto: Reprodução)
Nacional
Agricultores estão mais otimistas com uso de tecnologias
Pesquisa revela, no entanto, que apenas 16% possui internet de alta qualidade nas fazendas
Uma pesquisa com agricultores de todo o País mostrou que 44% dos produtores rurais reconhecem os benefícios das novas tecnologias, enxergando nelas não apenas uma oportunidade para melhorar a performance, mas também para aumentar a produtividade e reduzir custos. Ao mesmo tempo, o estudo mostrou também que apenas 16% dos agricultores brasileiros possuem internet de alta qualidade em todo o espaço nas fazendas.
A pesquisa Caminhos da Tecnologia no Agronegócio trouxe dados entre 2023 e 2024, foi coordenada pela SAE Brasil e liderada pela KPMG.
O agronegócio é o grande motor da economia brasileira, sendo responsável por cerca de 25% do PIB (Produto Interno Bruto). Devido a uma peculiaridade do modelo de atividade, que se ampara na produção no campo, existe ainda um mito de que esse segmento não anda em consonância com os avanços tecnológicos, como a chegada do 5G, a automatização da produção, a conectividade nas fazendas e o uso de inteligência artificial para otimizar processos, conforme explica o especialista em tecnologia e diretor de operações da plataforma Skyone, Ricardo Fernandes.
“Um dos gargalos do setor era a conectividade e essa barreira está sendo quebrada, ainda mais com a chegada do 5G. O agronegócio nacional está cada vez mais conectado e integrado”, diz.
Para Fernandes, que também é um produtor agroautônomo, os avanços tecnológicos podem ser uma experiência real em fazendas em todo o País. “Atualmente, é possível programar um drone para ter uma dosagem específica. Pode-se ter internet em um trator. Além disso, tarefas então consideradas mais intuitivas, como análise da terra, colheita e armazenamento, podem ser feitas de maneira conectada e com automação”, explica.
Integração
Os dados indicaram ainda que quase todas as atividades da fazenda utilizam algum tipo de tecnologia para melhorar o desempenho no campo, sendo o GPS o instrumento mais utilizado por 91% dos entrevistados. Já os aplicativos de gestão financeira ficaram em segundo, com 85%; em terceiro, empatados com 76%, ficaram imagens de satélite e aplicativos de gestão agronômica; na sequência, a agricultura de precisão com 70%; e, por fim, uso de drones com 61%. A utilização de robôs não foi citada pelos entrevistados.
“O agronegócio cresceu nas últimas décadas com ampla disponibilidade de mão de obra, algo que não estará presente daqui para frente para o setor. Por isso, a oportunidade de avanço da automação será fundamental para o contínuo crescimento da indústria”, analisa a sócia líder de agronegócio da KPMG, Giovana Araújo.
De acordo com Fernandes, a principal integração entre agro e TI é por meio de dados. O diretor de operações comenta que a internet das coisas (IOT) deve se tornar uma realidade em fazendas brasileiras muito em breve, ainda mais com os avanços na agenda da inteligência artificial.
“O agronegócio depende diretamente de inúmeros fatores, como clima, contexto sociopolítico internacional, economia global, mercado de commodities, variação cambial, contexto sanitário mundial, entre outros. É aqui que entraria o tripé de conectividade, IOT e gestão de dados, altamente capaz de amparar no manejo dos negócios de maneira ágil e eficiente”, conclui.
Futuro sustentável
Em relação ao uso de biocombustíveis em máquinas agrícolas, a pesquisa mostrou uma visão otimista dos produtores para os próximos anos. Cerca de 84% deles acreditam na expansão entre moderada e forte do biodiesel e 79% têm a mesma opinião em relação ao uso do diesel verde (HVO). Já sobre o biometano, as opiniões ficaram divididas da seguinte forma: 56% esperam a expansão moderada e forte e 44% dizem que será um mercado de nicho.
“As respostas mostram que existe uma diferença de percepção entre os produtores e os fabricantes de máquinas agrícolas sobre a expansão do uso do biometano. Ainda existe espaço para a indústria amadurecer junto aos potenciais consumidores”, conclui Giovana.