Com 457 relatos na década, falha ou mau funcionamento de aeronaves estão entre as principais causas de acidentes. Em 299 vezes houve perda de controle em voo. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil
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Ano de 2024 foi o mais letal da aviação brasileira em uma década
153 pessoas morreram em acidentes com aviões, helicópteros e outras aeronaves no país, segundo Força Aérea Brasileira
O acidente com um avião da Voepass, em agosto do ano passado, quando 62 pessoas morreram em Vinhedo (SP), tornou o ano de 2024 o mais letal da aviação brasileira em uma década, período comparado pela Força Aérea Brasileira em seu site.
Segundo dados estatísticos disponibilizados pelo painel Sipaer (Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), no ano passado 153 pessoas morreram em acidentes com aviões, helicópteros e outras aeronaves no país. As informações são da Folha de São Paulo.
O número é superior às 104 mortes de 2016, até então, o ano mais letal na série histórica comparada.
Foram 175 acidentes aéreos durante todo o ano passado passado sendo que 44 com mortes, o maior na década, com três óbitos a mais que os registrados em 2015.
O recorde de letalidade foi atingido nos últimos dias do ano passado. Em 22 de dezembro, a queda de um turboélice em uma área urbana de Gramado, na Serra Gaúcha, matou dez pessoas.
Segundo a Infraero, a aeronave levantou voo em meio à chuva no aeroporto de Canela (RS), e caiu minutos depois. O avião seguiria para Jundiaí, no interior de São Paulo.
Mas foi no acidente de 9 de agosto, em Vinhedo, que inflou as estatísticas. Na tragédia, um um avião comercial caiu em parafuso na área residencial.
O desastre foi o mais letal do país desde 2007, quando o acidente com o voo 3504 da TAM nos arredores do aeroporto de Congonhas, na zona sul paulistana, deixou 199 mortos, e um dos dez piores já registrados no Brasil.
A aeronave de modelo ATR 72-500 era operado pela empresa Voepass. O voo seguia de Cascavel (PR) para Guarulhos (Grande São Paulo), desceu em queda livre, girando, até atingir a área o condomínio Recanto Florido, no bairro Capela.
O copiloto Humberto de Campos Alencar e Silva disse que havia “bastante gelo” um minuto antes da queda, segundo relatório preliminar do Cenipa. O relato dele coincidiu com alertas de possível congelamento de partes da aeronave, a provável causa do desastre.
Com 457 relatos na década, falha ou mau funcionamento de aeronaves estão entre as principais causas de acidentes. Em 299 vezes houve perda de controle em voo.
O estado de São Paulo lidera as estatísticas, com 287 acidentes . O levantamento não distingue casos com ou sem mortes. Na conta de letalidade entram 20 acidentes de helicópteros (sete deles fatais), que provocaram 15 mortes em 2024.
Em um deles, quatro bombeiros, um médico e um enfermeiro morreram em 11 de outubro quando tentavam resgatar o corpo de um piloto vítima de queda de avião horas antes na região de Ouro Preto (MG).
Especialistas defendem a segurança na aviação brasileiras e dizem que a alta nos acidentes aéreos está diretamente relacionada ao crescimento das operações aéreas no país.
Levantamento da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) mostra que 8 milhões de pessoas foram transportadas em voos comerciais no país em novembro de 2024 (dado mais recente). O número é 8% maior às 7,4 milhões de pessoas embarcadas em aviões no mesmo mês de 2015, mas ainda ligeiramente inferior aos 8,1 milhões de viajantes em novembro de 2019, antes da pandemia.