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ANTT atualiza pisos de fretes e transportadores esperam novo aumento no diesel

21 de março de 2022 às 11:02
Bárbara Farias Enviar e-mail para o Autor

As tabelas foram reajustadas de 11% a 14% e os pisos variam conforme o tipo da carga e número de eixos; transportadores estimam aumento no diesel em torno de 15%

A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) atualizou os pisos mínimos do transporte rodoviário de cargas. As tabelas foram reajustadas de 11% a 14% e os pisos variam conforme o tipo da carga e número de eixos. Os novos valores foram publicados na edição extra do Diário Oficial da União (DOU) da última sexta-feira (18). O setor de transportes já aguardava a correção das tabelas de frete e esperam aumento médio de 15% no diesel para esta semana.

Em nota, a ANTT justificou a atualização das tabelas “mediante aplicação do percentual de 24,58% ao valor do óleo diesel”. Os reajustes foram repassados com base no preço médio do óleo diesel S10, de R$ 6,751 por litro, na semana de 13/03/2022 a 19/03/2022, divulgado Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

Transportadores já esperavam pela atualização da tabela de fretes e novo aumento no litro do diesel em torno de 15%. Os custos do transporte de cargas, incluindo combustível e veículos, já aumentaram cerca de 30%, influenciados pela pandemia de Covid-19 e, agora, pela guerra entre a Rússia e a Ucrânia. De acordo com o setor, os caminhões zero quilômetros registraram um aumento médio de 34%.

O assessor técnico da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC & Logística), Lauro Valdivia, estima um reajuste de 15% a 18% no preço do diesel nas bombas, a partir da semana que vem.

Valdivia disse que a oscilação de preços ocorre desde o início da pandemia e as altas nos insumos em geral impactou os custos, mas não o volume de cargas transportadas. “De um modo geral, com relação ao volume de carga, o começo do ano foi bom para as empresas, assim como em 2021, apesar de o segundo semestre ter frustrado um pouco o resultado das empresas. O que complicou foi justamente o aumento nos insumos. Não foi só o combustível que subiu, o caminhão subiu em torno de 40%. O que menos subiu foi a mão de obra, em torno de 10%”, afirmou.

O assessor técnico da NTC & Logística explicou que o aumento de custos para o chamado transporte de lotação, que é o transporte carga, foi de cerca de 30%, englobando combustível e frota. “A inflação no transporte de carga/lotação foi em torno de 30%”, afirmou.

“Os caminhões continham subindo, 1,5% a 2,5% a cada mês. Hoje, tem conjunto de caminhão, que é o cavalo mais o semirreboque, custando R$ 1,5 milhão. Há dois anos, um caminhão que custava R$ 400 mil, hoje está R$ 700 mil”, apontou o representante da NTC & Logística.

“O transportador consegue administrar o custo do caminhão. Se subir muito, em vez de ele trocar dez caminhões, troca três, quatro. Agora, o combustível não tem jeito. Eu fiz um levantamento junto à ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) e constatei que, de janeiro de 2021 até 16 de março de 2022, o diesel subiu 64%”, destacou.

Valdivia acredita que a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) deverá atualizar os pisos mínimos dos fretes rodoviários na próxima semana.

No último dia 11, quando entrou em vigor o reajuste da Petrobras de 24,9% sobre o preço do diesel, a ANTT divulgou comunicado informando que acompanha semanalmente as pesquisas da Agência Nacional de Petróleo (ANP), que medem o reflexo dos reajustes nas refinarias nos preços praticados nas bombas, e irá promover os ajustes na Política Nacional de Pisos Mínimos do Transporte Rodoviário de Cargas (PNPM) caso o aumento atinja 10%, previsto na Lei nº 13.703/2018.

Perguntado sobre a defasagem do piso mínimo de frete, Valdivia explicou que os transportes repassam os reajustes para os fretes, independentemente da tabela. “Para o transportador de carga, o diesel representa a maior parte dos custos de transporte, em torno de 30% a 35%. Ou seja, um terço dos custos de transporte é combustível. Agora, já para o autônomo ou para uma pequena transportadora esse custo aumenta, fica em torno de 40% a 50%, isso tudo faz achatar a participação do diesel. Por isso, que as empresas acabam repassando, não esperam o piso subir para repassar”, explicou.

O diretor de Negócios do Grupo ACL Cargo, Marco Carvalho, disse que o seu negócio é impactado pela alta de preços desde 2020. “O transporte de cargas já vem fortemente impactado desde o início da pandemia, com altas consecutivas em todos os insumos e despesas que compõem os nossos custos operacionais”, explicou.

Segundo ele, somente o diesel contribui com 40% a 60% do custo do transporte e que o aumento passou de 50% no ano passado. “Em 2021, a variação no preço do diesel foi de R$ 3,37 para R$ 5,06, um aumento de 52,87% no ano”, apontou.

O empresário afirmou que, neste ano, antes do reajuste da Petrobras, pagou 8,1% a mais no diesel em relação a dezembro. “Abrimos o ano com o diesel a R$ 5,06 (litro/diesel) e antes desse reajuste já estava em R$ 5,47”, salientou Marco Carvalho.

Marco disse que os preços dos caminhões também inflacionaram. “De janeiro de 2021 a janeiro de 2022, os caminhões subiram 34%, um veículo zero quilômetro que custava R$ 658 mil, hoje é vendido a R$ 884 mil. Esse também é um custo impactante demais, e com fila de espera de 6 meses”, disse ele.

O diesel mais caro dificultou a negociação dos valores de fretes e achatou o seu lucro. “As negociações por reajustes junto aos embarcadores e clientes têm se tornado um processo muito difícil, pois todos já estavam de alguma forma impactados com a alta do dólar, juros e inflação”, ressaltou.

Ele espera um aumento de 12% a 15%. “A minha melhor negociação com um cliente foi de 18% em duas partes. Mas agora não tem jeito, já avisei dois dos meus maiores embarcadores que o reajuste será inevitável, já a partir da semana que vem”, comentou. “Vou negociar um reajuste na casa dos 20%, mas sei que se eu conseguir 15% já vai estar bom. Por menos de 10%, não compensa trabalhar”, explicou.

A ACL Cargo atende as indústrias farmacêuticas, transportando insumos para a produção de vários tipos de medicamentos. “As fábricas de medicamentos já estão sofrendo bastante com os fretes internacionais que subiram 500% no marítimo. E agora vão sofrer também no frete rodoviário nacional”, apontou. A empresa atua em oito estados (SP, MG, PR, RJ, ES, GO, MT e MS), mais o Distrito Federal, tem matriz em Santos e filiais nos portos do Rio de Janeiro, Paranaguá, Itajaí e Vitória.

Proposta de redução de tributos na LDO

O Governo Federal enviou ao Congresso Nacional, ontem, um projeto de lei para alteração da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2022. Entre as mudanças propostas está a de facilitar a redução dos tributos incidentes sobre a comercialização do diesel, gás de cozinha e gás natural.

A alteração abre uma exceção aos requisitos para realização da redução de receita referente a tributos sobre esses produtos. Dessa forma, a perspectiva é que a LDO passe a oferecer condições para a avaliação e aprovação de medidas atualmente em discussão no Congresso Nacional, de modo a suavizar a alta de preços desses produtos, decorrentes do cenário internacional.

CNT defende reajuste dos fretes para evitar colapso nos transportes

 Confederação informa que antes mesmo do novo reajuste, empresas já vinham negociando com os seus clientes o repasse dos quase 50% de aumento no diesel registrado em 2021

A Confederação Nacional do Transporte (CNT) emitiu comunicado, na última semana, defendendo o reajuste imediato do frete rodoviário para evitar o colapso das empresas transportadoras, que absorvem as altas dos preços dos combustíveis desde o ano passado. A entidade reforçou a necessidade de recomposição do frete após a Petrobras aumentar o preço do diesel em 24,9% para as distribuidoras.

“O transporte rodoviário de cargas é um serviço essencial e se mostrou imprescindível durante a pandemia, contudo, é inviável que as empresas continuem absorvendo as altas dos preços do combustível”, informou a CNT em comunicado.

“A recomposição do preço do frete se justifica para evitar o colapso de inúmeras empresas transportadoras, que, antes mesmo desse novo reajuste, já vinham negociando com os seus clientes o repasse dos quase 50% de aumento no diesel registrado em 2021. Caso não haja o repasse imediato, a operação de transporte no Brasil corre o risco de se tornar inviável”, destacou a organização na nota.

A entidade também chama a atenção para o impacto sobre as empresas aéreas. “A Confederação também observa com preocupação os aumentos do preço do QAV (querosene de aviação). O insumo representa um terço dos custos das empresas áreas. A alta no preço do combustível pode inviabilizar diversas rotas áreas ou até mesmo encerrar a operação de empresas no Brasil”, apontou.

A CNT não questiona a política de preços da Petrobras, mas “alerta que a trajetória ascendente dos valores cobrados pelo insumo afeta diretamente a atividade transportadora, seja a do segmento de cargas ou o de passageiros, que já trabalham com margens muito reduzidas de lucro. Além disso, os sucessivos reajustes do preço cobrado em bomba devem ser repassados ao consumidor final”.

“É claro que nos preocupamos com a população e com as consequências que o repasse desse aumento trará na vida das pessoas. Estamos atentos e muito preocupados com toda essa situação, mas o setor, infelizmente, não tem mais quaisquer condições de segurar esse aumento, que deve ser repassado imediatamente. No caso do transporte de passageiros, é urgente que os governos revisem as atuais política de subsídios para garantir a manutenção dos serviços à população. Ainda é preciso olhar para o setor aéreo que ainda absorve os impactos da pandemia. Do contrário, colocaremos em risco a própria sobrevivência de muitas empresas de transporte que são fundamentais para o desenvolvimento do Brasil”, afirmou o presidente da CNT, Vander Costa.

 

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