O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, evitou relacionar o apagão à privatização da Eletrobras, mas deixou claro que foi contra a venda da estatal, realizada em 2022Crédito: Joédson Alves/Agência Brasil
Nacional
“Apagão não tem nada a ver com a segurança energética do Brasil”, diz Silveira
Ministro de Minas e Energia diz que pediu investigação, mas garante que reservatórios vivem “momento de abundância”
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que o apagão que ocorreu nesta terça-feira,15, “não tem nada a ver com a segurança energética do Brasil”. O ministro concedeu uma entrevista coletiva na sede do Ministério de Minas e Energia após um episódio de apagão durante dez minutos que atingiu 25 estados e o Distrito Federal.
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) informou que uma ocorrência na rede de operação do Sistema Interligado Nacional (SIN) interrompeu 16 mil megawatts (MW) de carga. A interrupção foi devido à abertura da interligação Norte-Sudeste. O apagão foi provocado por “separação elétrica”, segundo divulgou a ONS.
“O ocorrido de hoje não tem nada a ver, absolutamente nada a ver com o suprimento energético e a segurança energética do Brasil. Nós vivemos um momento de abundância dos nossos reservatórios”, explicou o ministro.
Segundo Silveira, 29 milhões de brasileiros foram afetados pelo apagão. Na coletiva de imprensa, ele afirmou que às 14h49, pelo horário de Brasília, todo o sistema foi restabelecido, mas a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) confirmou a recomposição às 16h38.
“O que aconteceu hoje é extremamente raro que aconteça, porque nós temos um sistema redundante. Para acontecer um evento dessa magnitude, nós temos que ter tido dois eventos concomitantes, em linhas de transmissão de alta capacidade. Ou seja, é extremamente raro que aconteça o que aconteceu no episódio de hoje”, reforçou o ministro.
De acordo com Alexandre Silveira, os dados técnicos sobre a causa do apagão serão passados em 48 horas. O ministro fala em “eventos” para explicar as causas do apagão.
O ministro apontou que o “evento” aconteceu mais precisamente na região do Ceará, mas também lembrou que toda a região Nordeste e a região Norte foram afetadas.
“Foi um fato que causou a interrupção na Região Norte e Nordeste e, por uma contingência planejada do Operador Nacional do Sistema Elétrico, minimizou a carga das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, para que não houvesse a interrupção total dessas regiões”, reforçou Silveira.
“Um dos eventos já apontados pelo ONS aconteceu no Norte do Nordeste, mais precisamente na região do Ceará. O outro evento possível ainda não foi detectado pelo ONS”, completou.
Alexandre Silveira estava no Paraguai, em viagem oficial com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e antecipou a volta ao Brasil devido ao acontecimento.
As ocorrências sobre a pane foram registradas às 08h31 de terça-feira. Alexandre Silveira determinou a abertura de uma “sala de situação” para lidar com o processo de retomada de energia.
O Ministério de Minas e Energia informou que pediu à Polícia Federal e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) a investigação sobre possível intervenção humana nos acontecimentos desta terça-feira.
“Por se tratar de um setor altamente sensível, além de determinar as apurações devidas e internas pelo ONS, Aneel e nossas vinculadas, estou oficiando ao Ministério da Justiça, para que seja encaminhada à Polícia Federal um pedido de instauração de inquérito policial para que apure com detalhes o que poderia ter ocorrido, além de diagnosticar apenas onde ocorreu. Vamos encaminhar tanto à PF quanto para a Abin a instauração de procedimentos para apurar eventuais dolos nesse ocorrido de hoje”, afirmou.
Privatização
Na coletiva de imprensa o ministro foi questionado sobre a privatização da Eletrobras que aconteceu em 2022 e sobre uma postagem da primeira-dama Rosângela Silva, a Janja,
sugerindo que o apagão tivesse a ver com isso.
Alexandre Silveira disse que seria “leviano” relacionar a privatização da Eletrobras com o apagão, mas reforçou ser contra a venda da antiga estatal e disse que o fato “fez muito mal ao sistema”, declarou.
Na noite de segunda-feira, 14, o CEO da Eletrobras, Wilson Ferreira Júnior, renunciou ao cargo. A razão do pedido de saída não foi informada. Para o seu lugar foi eleito pelo colegiado da Eletrobras Ivan de Souza Monteiro.