O Porto do Pecém tem intenção de iniciar a produção de H2V em 2025 e a expectativa é de que até 2030 consiga fornecer 1,3 milhão de toneladas do combustível por ano (crédito: Divulgação/Pecém)
Região Nordeste
Apex busca investidores para o 1º HUB de hidrogênio verde do Brasil
Agência vai incorporar projetos de expansão relacionados à geração de hidrogênio verde no Porto de Pecém ao seu portfólio de investimentos
A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), vinculada ao Ministério das Relações Exteriores, vai incorporar ao seu portfólio de investimentos os projetos de expansão relacionados a geração de hidrogênio verde (H2V) no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CE). O objetivo é apresentá-los a investidores brasileiros e estrangeiros interessados na exploração do combustível “do futuro”.
A geração de hidrogênio verde tem sido a aposta de diversos fundos de investimentos e governos ao redor do mundo e está ganhando um amplo espaço no Porto do Pecém, onde há projetos para a implantação do primeiro hub energético do tipo no Nordeste.
A intenção do complexo é iniciar a produção de H2V em 2025 e a expectativa é que até 2030 consiga fornecer 1,3 milhão de toneladas do combustível.
São 1000 hectares disponíveis para receber empresas do setor interessadas em implantar uma cadeia de produção, armazenamento e transporte do hidrogênio verde, com infraestrutura adequada para esse fim.
“Existem muitas oportunidades. Dentre elas, destaco os investimentos em infraestrutura de energia, gás natural e renovável, como o projeto da planta de hidrogênio verde, que já conta com o interesse de diversos investidores internacionais e memorandos de entendimento formalizados entre empresas interessadas e a companhia administradora do complexo”, explica o analista de investimentos de óleo e gás da ApexBrasil, Carlos Padilha.
O hidrogênio verde é obtido sem qualquer emissão de carbono. É um subproduto da eletrólise de fontes de energia limpas e renováveis, como a água, a solar e a eólica.
Quando as instalações das usinas no porto começarem, há grande expectativa em torno da geração de empregos, renda e a contribuição direta para a descarbonização do planeta até 2050, um dos compromissos assumidos por diversos países do mundo no Acordo de Paris.
Energia do futuro
De acordo com o estudo World Energy Transition, feito pela Agência Internacional de Energia Renovável, o hidrogênio verde e seus derivados representarão 12% do uso final de energia até 2050. Junto com a eletricidade, constituirá 63% do consumo final de energia, substituindo combustíveis com alta emissão de carbono, como os fósseis.
Neste sentido, o complexo do Pecém trabalha para se tornar um player global na produção de hidrogênio e derivados com preços competitivos para distribuição e exportação e, até o momento, já tem assinados 18 memorandos de cooperação com esse objetivo.
“O hidrogênio é a nova tendência mundial no âmbito da energia renovável. Ainda que, por enquanto, o assunto não tenha regulamentação completamente estabelecida, há potencialidade natural para atrair projetos. Há um grande interesse internacional em projetos dessa natureza e a ApexBrasil está pronta para apoiar a implementação no Brasil. O Hub de Hidrogênio do Complexo do Pecém é um dos primeiros projetos do tipo no país e o mais avançado. É um local estratégico por causa da localização e por ser um hub logístico, também”, destaca Carlos Padilha.
A região também é atraente para o mercado porque tem a primeira Zona de Processamento de Exportação (ZPE) em operação no Brasil. As áreas de livre comércio, como são conhecidas no exterior, possuem um ambiente adequado para instalação de plantas fabris com foco no comércio internacional.
O controle aduaneiro é mais ágil, os impostos são reduzidos ou zerados dentro desse território e as transações entre as empresas localizadas na ZPE podem ocorrer em moeda estrangeira, reduzindo o custo cambial. Hoje, 6 mil hectares estão disponíveis para a instalação de indústrias com foco no mercado internacional.
“Hoje em dia, não há mais o compromisso exportador, ou seja, caso a empresa queira produzir e comercializar os bens produzidos na ZPE para o mercado interno, isso é possível. Dessa maneira, ocorre uma maior flexibilização da operação e redução do custo Brasil. Acredito na importância das ZPEs para atrair investimentos, fortalecer a cultura exportadora e ampliar a oferta de empregos qualificados”, diz o analista da ApexBrasil.