Para o presidente da CNI, Ricardo Alban, mesmo em tramitação há 20 anos, o acordo já atende aos mais altos padrões, comparável a outros acordos comerciais modernos. Divulgação/CNI
Mercosul
Após falas de Macron, CNI defende acordo entre Mercosul e UE
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) defendeu o acordo entre União Europeia (UE) e Mercosul. Para a CNI, “o acordo reforça os objetivos e compromissos climáticos globais”.
A manifestação ocorreu após a fala do presidente da França, Emmanuel Macron, em passagem pelo Brasil. Em um encontro com empresários na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Macron disse que o acordo “não pode ser defendido”.
“O acordo com o Mercosul, tal como está sendo negociado atualmente, é um péssimo acordo. Para vocês e para nós. Porque foi negociado há 20 anos. A vida diplomática, a vida dos negócios, mudaram muito. Quando se negocia com uma regra antiga, não é a mesma coisa. É preciso reconstruir [o acordo] pensando no mundo como ele é hoje, levando em consideração a biodiversidade e o clima”, afirmou o presidente Francês.
Para o presidente da CNI, Ricardo Alban, mesmo em tramitação há 20 anos, o acordo já atende aos mais altos padrões, comparável a outros acordos comerciais modernos.
“A indústria vê este acordo como um marco institucional moderno e responsável para conduzir as relações econômico- comerciais no século XXI, levando em consideração a importância das questões ambientais e sociais junto aos objetivos econômicos”, afirmou em nota Ricardo Alban.
A Confederação também reforçou que ao longo dos anos o acordo tem passado por inúmeras atualizações, “o que demonstra a possibilidade de adaptação e resposta a preocupações atuais. Isso é evidente, por exemplo, pelas intensas rodadas de renegociações que têm ocorrido, desde 2023, que reforçam o compromisso de ambos os blocos de alinhar o texto a valores e expectativas contemporâneos”, diz a CNI.
O acordo de livre comércio entre Mercosul e a União Europeia é negociado desde 1999, e prevê a isenção ou redução na cobrança de impostos de importação de bens e serviços produzidos nos dois blocos.
Em 2019, durante a presidência de Jair Bolsonaro (PL), Mercosul e União Europeia assinaram o acordo, mas para entrar em vigor o acordo precisava passar por uma revisão técnica e pela ratificação dos parlamentos de todos os países envolvidos.
Em 2023, o acordo voltou a ser negociado com a volta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Palácio do Planalto, mas as exigências ambientais europeias voltaram a travar as negociações.
“Como qualquer outro acordo comercial, este não é um acordo estático. A negociação faz parte de um processo cíclico, que permite atualizações sempre que for necessário. Nesse sentido, as disposições estabelecidas servem como ponto de partida para ampliarmos o diálogo entre os dois blocos e aprimorar os padrões. Inclusive, faz parte do texto uma disposição específica de revisão, que permite melhorias contínuas dos compromissos originalmente estabelecidos”, finalizou Alban.
Nesta quinta-feira, 28, o presidente da França reforçou os seus argumentos em visita ao Palácio do Planalto e foi respaldado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
“O Brasil não está negociando com a França, o Mercosul está negociando com a União Europeia. Não é um acordo bilateral, é um acordo comercial de dois conjuntos de países, de um lado o Mercosul e do outro a União Europeia”, disse Lula.
Mesmo com as negativas do presidente europeu, Lula disse que o diálogo continua. “Se o Macron tiver que brigar com alguém, é com a União Europeia, é com os negociadores. Eu estou tranquilo… Vamos continuar tentando conversar com a União Europeia, mas a briga do Macron é com a União Europeia e a minha é com o Mercosul”, acrescentou.