Embora as previsões indiquem uma recuperação do Rio Negro, especialistas alertam para os desafios de médio prazo, especialmente em áreas ainda fora das faixas de normalidade. Foto: Divulgação/SGB
Região Norte
Após seca recorde, Rio Negro apresenta recuperação lenta
Níveis do rio aumentaram 1,65 metro, mas Defesa Civil alerta para riscos de inundações com o aumento das chuvas
O Rio Negro, em Manaus (AM), continua em processo de recuperação após a maior seca registrada desde o início do monitoramento, em 1902. Apesar da elevação gradual das águas, o nível atual de 16,92 metros ainda está abaixo da média histórica para o período, segundo o Serviço Geológico do Brasil (SGB).
Em 2023, o Rio Negro atingiu o recorde negativo de 12,11 metros, impactando profundamente a vida na região. A paisagem do Encontro das Águas foi alterada, a Praia da Ponta Negra foi interditada, e bancos de areia tornaram-se visíveis na orla da cidade. A seca afetou mais de 800 mil pessoas no Amazonas e levou o Polo Industrial de Manaus a adaptar a logística com um píer flutuante em Itacoatiara para manter o fluxo de insumos e mercadorias.
Com as chuvas recentes, o cenário melhorou. Desde o início do mês, o Rio Negro subiu 1,65 metro, com aumentos diários de 15 centímetros em Manaus. Segundo a superintendente regional do SGB, Jussara Cury, a tendência é de intensificação das cheias em janeiro, um período tradicionalmente mais chuvoso.
Embora as previsões indiquem uma recuperação progressiva, especialistas alertam para os desafios de médio prazo, especialmente em áreas ainda fora das faixas de normalidade.
Na Bacia do Rio Solimões, os níveis também estão subindo, embora abaixo da média para o período. Em Tabatinga (AM), Itapeua (AM) e Manacapuru (AM), as elevações diárias variam entre 12 e 18 centímetros, influenciando a recuperação em Manaus. Já no trecho a jusante do Rio Amazonas, em locais como Óbidos (PA), o aumento é mais lento, com registros diários de apenas 4 centímetros.
Na Bacia do Rio Madeira, os níveis estão dentro da normalidade. Porto Velho (RO) registra 9,31 metros, enquanto Humaitá (AM) tem 16,49 metros. Em Rio Branco (AC), o Rio Acre também apresenta cotas normais, com 7,32 metros.
Alerta
A Defesa Civil do Amazonas alerta para o aumento das chuvas, o que pode causar inundações em áreas vulneráveis. Entretanto, a recuperação total dos níveis depende de um período mais prolongado de cheias.
O monitoramento hidrológico é realizado por meio de estações telemétricas e convencionais integradas à Rede Hidrometeorológica Nacional, coordenada pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA).