Após ter atracado em Maranhão, navio seguiu viagem carregador com mais de 200 mil toneladas de minério de ferro (Foto: Divulgação)
Região Nordeste
Navio que usa energia eólica atraca no Maranhão
Graneleiro Berge Olympus permaneceu dois dias atracado no Porto da Madeira, no Maranhão, e foi carregado com 200 mil toneladas de minério de ferro
O navio sustentável Berge Olympus deixou o Brasil rumo ao porto chinês de Quingdão, após sua segunda viagem em águas brasileiras. Ele ficou atracado entre o último sábado (16) e esta segunda-feira (18) no Pier 3 Sul da Vale, no Complexo Portuário da Madeira, em Maranhão, e seguiu viagem carregado com mais de 200 mil toneladas de minério de ferro.
O navio usa energia eólica para reduzir o consumo de combustível e a emissão de carbono. No ano passado, o graneleiro visitou o Porto de Tubarão, na Grande Vitória (ES), após concluir a primeira parte de sua viagem inaugural.
O Berge Olympus é um navio do tipo Newcastlemax, que tem capacidade de carga entre 200 mil e 210 mil DWT (Deadweight, ou a soma de todos os pesos que o navio é capaz de suportar), adaptado e equipado com quatro velas, conhecidas como BARTech WindWings. Elas utilizam a força dos ventos (energia eólica) para fortalecer a propulsão da embarcação, com o objetivo de diminuir o consumo de combustível e as emissões de CO2.
Cada vela instalada possui uma envergadura aerodinâmica de 37,5 metros de altura e 20 metros de largura. A tecnologia permite que a embarcação economize 6 toneladas de combustível diariamente em uma rota média global, resultando em uma redução estimada de aproximadamente 19,5 toneladas de emissões de CO2 por dia.
Mesmo sendo projetado para atracar em qualquer porto, para receber o navio foi feito um projeto com modelagens 3D dos portos de carregamento operados pela Vale para analisar a atracação do navio. Ainda assim, não há nenhuma interferência das velas no carregamento, já que elas ficam reclinadas durante a atracação.
O Porto de Tubarão foi escolhido para ser o primeiro porque as equipes de engenharia náutica, inspetoria e operação locais tiveram papel fundamental durante todo o processo de testes e ajustes finos no sistema. Agora, com esse embarque em São Luís-MA, o Complexo Portuário de Ponta da Madeira, de propriedade da mineradora, passa a ser o segundo porto brasileiro a receber o graneleiro.
Funcionamento
As velas rotativas são rotores cilíndricos, com quatro metros de diâmetro e 24 metros de altura – equivalente a um prédio de sete andares. Durante a operação, os rotores giram em diferentes velocidades, dependendo de condições ambientais e operacionais do navio, para criar uma diferença de pressão de forma a propelir o navio para a frente, a partir de um fenômeno conhecido como efeito Magnus.
A instalação dessa tecnologia, fornecida pelo fabricante finlandês Norsepower, é um projeto liderado pela Vale, que contou com a parceria do armador coreano Pan Ocean para instalação em um de seus VLOCs a serviço da mineradora brasileira.
A empresa Shanghai Ship and Design Research Institute (SDARI) foi responsável pelo design e integração das velas com a embarcação. O estaleiro chinês New Times Shipbuilding construiu o navio já adaptado para receber “as novidades”, que foram instaladas em outro estaleiro, o Pax Ocean Engineering Zhoushan, também na China.