APS aposta em obras para superar obstáculos logísticos

Segundo o presidente da empresa pública, cronograma prevê serviços nas margens direita e esquerda do complexo de Santos

Os desafios logísticos de acesso e integração das perimetrais no maior complexo portuário do país, o Porto de Santos (SP), foram debatidos durante o segundo painel do Santos Export 2024.

Anderson Pomini, diretor-presidente da Autoridade Portuária de Santos (APS), anunciou um cronograma de obras para ter início até o primeiro semestre de 2025. Em relação à margem esquerda, o plano visa a implementação de um trecho de 3 km conectando a perimetral do Porto de Santos ao túnel Santos-Guarujá e ao futuro Aeroporto Civil Metropolitano de Guarujá. O projeto, orçado em R$ 600 milhões, pretende transformar a atual via, conhecida como Rua do Adubo, em uma infraestrutura adequada para o transporte de cargas.

Pomini explicou que está buscando viabilizar o projeto por meio de duas abordagens. Primeiramente, através de um cronograma público, que prevê a publicação do edital no primeiro semestre do próximo ano. Atualmente, o projeto está em fase de obtenção de licenças ambientais e elaboração do projeto executivo.

Em segundo lugar, um cronograma envolvendo operadores portuários em fase de renovação de contrato, no qual se negocia para que eles assumam a responsabilidade pela obra, com o objetivo de antecipar o início da construção em até dois anos.

Na margem direita do Porto de Santos, Anderson Pomini busca solucionar o gargalo na região da Alemoa, planejando asfaltar uma via de 580 metros até o primeiro semestre do próximo ano. Em paralelo, está negociando a construção de um viaduto de acesso, ligando uma rodovia administrada pela EcoRodovias à região. A intenção é licitar a obra para uma empresa privada, permitindo uma execução mais eficiente.

O prefeito de Santos, Rogério Santos (Republicanos), defendeu a construção de uma nova via de acesso, chamada de terceira faixa do Sistema Anchieta-Imigrantes, principal ligação da capital paulista com a Baixada Santista. Rogério afirmou que a execução do projeto seria mais fácil e economicamente mais viável. “Os gargalos são questões de planejamento e menos de preocupação. Você cria uma alternativa para a chegada em Santos e tira veículos da Anchieta”.

O consultor e sócio da 4 Infra Casemiro Tércio Carvalho criticou a demora para se alcançar um alinhamento de interesses entre o Governo de São Paulo, a União e as prefeituras. “Os estudos básicos para a implantação da terceira via já poderiam ter começado, o projeto do túnel já tinha grande parte estudada, todo mundo sabe que o modelo de concessão é a maneira mais rápida. As ações têm que ser tiradas do papel, senão fica só no discurso”.

Viabilidade

Ricardo Molitzas, presidente do Instituto Brasil Logística (IBL), afirmou estar preocupado com a viabilidade dos projetos que visam melhorar os gargalos de acesso ao porto, como o túnel, o aprofundamento do canal e as perimetrais, se forem feitos unicamente através de recursos públicos. Ele acredita que, devido ao histórico do setor aquaviário em relação às gestões públicas, o melhor caminho seja executar as obras pelo setor privado.

“O país inteiro tem uma infraestrutura ineficiente no que se depende do investimento público. Quando os terminais passaram a ser arrendados, 30 anos atrás, houve bilhões investidos pelo setor privado, que colocam os terminais em um nível mundial. A nossa operação hoje no porto de Santos não deve para qualquer lugar do mundo em relação a eficiência e competitividade”, afirmou Molitzas.

Danilo Veras, head of Public Affairs da Maersk no Brasil, ressaltou que, dado o cenário atual, com filas extensas na cabotagem em Santos, é evidente que deveríamos estar oferecendo mais capacidade do que atualmente disponibilizamos. “Ou a gente efetivamente coloca isso em prática em curto prazo, porque a execução desses projetos é longa, ou a gente vai sofrer no futuro.”

Também estiveram presentes no painel Fabio Fontes, presidente da Praticagem de São Paulo e Válter Suman (PSDB), prefeito do Guarujá.

O Fórum Santos Export é uma iniciativa e realização do Grupo Brasil Export, com apoio institucional do Ministério de Portos e Aeroportos. A produção é da Bossa Marketing e Eventos e a mídia oficial da Rede BE News.