O presidente Lula e o vice Geraldo Alckmin participaram da cerimônia de transferência de recursos por meio da Missão 1, com foco em cadeias agroindustriais sustentáveis e digitais (Foto: Ricardo Stuckert/PR)
Nacional
Brasil aposta em agroindústria sustentável com R$ 546 bi de investimentos
Programa busca alavancar a produtividade, gerar empregos e transformar o setor em referência global em inovação e sustentabilidade
O agronegócio brasileiro recebeu um novo impulso com os investimentos anunciados na terça-feira (3), no Palácio do Planalto, em Brasília (DF). O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin, ministros e empresários formalizaram o compromisso de destinar R$ 546,6 bilhões ao setor por meio da Missão 1 da Nova Indústria Brasil (NIB), com foco em cadeias agroindustriais sustentáveis e digitais.
Desse total, R$ 250,2 bilhões virão de linhas de crédito público, enquanto o setor privado investirá R$ 296,3 bilhões até 2029. A Missão 1 prioriza o fortalecimento da agroindústria como pilar da segurança alimentar, nutricional e energética, com o objetivo de modernizar a produção, ampliar a sustentabilidade e reduzir a dependência de insumos importados.
O evento também marcou a inclusão do Banco do Brasil no Plano Mais Produção (P+P), que agora soma R$ 507 bilhões em linhas de crédito para a NIB. Além do BB, que contribuirá com R$ 101 bilhões, instituições como o BNDES (R$ 259 bilhões), Caixa (R$ 63 bilhões), Finep (R$ 51,6 bilhões), Banco do Nordeste (R$ 16,7 bilhões), Banco da Amazônia (R$ 14,4 bilhões) e Embrapii (R$ 1 bilhão) fazem parte da iniciativa.
“O agronegócio brasileiro é essencial para garantir a segurança alimentar global. Este programa alia a coordenação de políticas de financiamento ao fortalecimento das cadeias produtivas, aumentando a produtividade, gerando empregos e promovendo a sustentabilidade no campo”, afirmou Geraldo Alckmin. Ele destacou também o desempenho positivo do PIB, que cresceu 0,9% no terceiro trimestre de 2024, superando as expectativas.
O Governo traçou metas ambiciosas para a agroindústria, aprovadas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI). Entre os objetivos estão:
– Elevar o crescimento do PIB Renda Agroindústria para 3% ao ano até 2026 e para 6% ao ano até 2033. Em 2023, o PIB Renda do setor foi de R$ 761 bilhões, com crescimento médio de 1,75% entre 2019 e 2023.
– Ampliar a mecanização na agricultura familiar de 25%, em 2023, para 28% em 2026 e 35% em 2033.
– Aumentar a tecnificação da agricultura familiar (uso de tecnologias avançadas além da mecanização) de 35% para 43% em 2026 e 66% em 2033.
Durante a cerimônia, o presidente Lula assinou o decreto que institui o Programa Nacional de Pesquisa e Inovação para a Agricultura Familiar e Agroecologia (PNPIAF), com foco na transição agroecológica, preservação de biomas e sustentabilidade dos agroecossistemas. Além disso, foi criada uma instância consultiva no Programa Mais Alimentos para ampliar o diálogo entre o governo e entidades da agricultura familiar.
O evento também apresentou medidas para reduzir a dependência brasileira de fertilizantes importados. O Ministério da Agricultura e Pecuária e a Petrobras firmaram um acordo para modernizar fábricas, desenvolver tecnologias e melhorar a logística de distribuição desses insumos.
Outro destaque foi o acordo técnico entre o Ministério do Desenvolvimento Agrário, o MDIC e a Abimaq, voltado à fabricação e distribuição de máquinas e equipamentos adequados à agricultura familiar.
PPPs
Parcerias público-privadas (PPPs) também marcaram o evento. O Banco do Nordeste assinou um contrato de R$ 600 milhões com a Inpasa para financiar uma nova fábrica de etanol de milho e sorgo no Maranhão, projeto que contará com R$ 1,3 bilhão em investimentos totais. A planta deverá gerar 351 empregos diretos.
A Finep firmou dois contratos de R$ 250 milhões cada. O primeiro, com a Ouro Fino Saúde Animal, prevê o desenvolvimento da primeira vacina de dose única contra a doença de Glässer em suínos. O segundo, com a Lar Cooperativa Agroindustrial, financiará soluções tecnológicas para a cadeia de produção avícola, integrando automação e tecnologias da Indústria 4.0.
A Missão 1 da NIB também prioriza a disseminação da agricultura de precisão, incluindo o incentivo à produção nacional de drones e tecnologias de monitoramento. Outro foco é a cadeia de fertilizantes, com ênfase em biofertilizantes, para reduzir custos e aumentar a competitividade brasileira no mercado global.
O fortalecimento da produção de máquinas agrícolas e componentes nacionais é visto como estratégico para aumentar a sustentabilidade e agregar valor à produção. Esses esforços integram uma visão mais ampla de política industrial, que busca transformar o Brasil em referência global em inovação e sustentabilidade na agroindústria.