Lula se reuniu com o presidente do Paraguai, Santiago Peña, no Palácio Itamaraty e se mostrou disposto a se deslocar até o país vizinho a fim de resolver a questãoCrédito: Ricardo Stuckert/PR
Mercosul
Brasil e Paraguai buscam entendimento sobre preço da energia de Itaipu
Lula se mostrou otimista após encontro com presidente do país vizinho, mas algumas divergências persistem
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu na segunda-feira, dia 15, com o presidente do Paraguai, Santiago Peña, no Palácio Itamaraty, para dar continuidade às negociações sobre o preço da energia proveniente da hidrelétrica binacional de Itaipu, localizada na fronteira entre os dois países.
Apesar de ainda não haver um acordo, Lula expressou otimismo em relação às negociações e disposição para se deslocar até o Paraguai a fim de resolver a questão. Em coletiva de imprensa após o encontro, o presidente afirmou: “Eu disse ao presidente Santiago Peña: agora não é ele quem deve vir ao Brasil, é o Brasil que deve ir a Assunção, para que possamos dar continuidade às tratativas e encontrar uma solução definitiva”.
O tema vem sendo discutido com cautela entre os dois governos, visto que o Paraguai busca um reajuste tarifário, propondo um aumento de 24%, enquanto o Brasil defende a manutenção ou redução do valor atual.
A tarifa, que está temporariamente fixada em US$16,71 por unidade de energia, é um assunto importante nas conversas entre Brasil e Paraguai. A taxa é dividida entre os dois países e é usada para cobrir despesas, como a operação e manutenção da usina.
Seguindo a proposta de aumento feita pelo Paraguai, o valor da taxa de energia seria ajustado para US$20,75, equivalente a R$103,48 reais. Embora a produção de energia seja dividida igualmente entre os dois países, o Brasil compra uma parte extra da energia do país vizinho porque o Paraguai não consegue usar tudo que gera. Portanto, se a tarifa aumentar, o Paraguai arrecada mais dinheiro.
Santiago Peña destacou a boa relação comercial que o Paraguai mantém com o Brasil e mostrou-se confiante diante do desafio da geração de energia elétrica sustentável. “Paraguai e Brasil são campeões na geração de energia elétrica, mas temos que olhar para o futuro. Eu sou muito ambicioso com o que podemos atingir”, declarou o presidente do Paraguai.
Com o intuito de exercer pressão sobre o Brasil, o governo de Peña bloqueou o orçamento da usina para o ano de 2024, resultando em atrasos nos pagamentos aos funcionários, prestadores de serviços e fornecedores, tanto do lado paraguaio quanto do brasileiro, no início deste ano.
No mercado energético, o Paraguai quer não apenas um aumento no preço dessa energia extra, mas também quer vender a energia não utilizada pelo Brasil para outros países. A questão continua sem solução desde o ano passado. Com o término do prazo de 50 anos estabelecido em 1973 pelos dois países, um novo valor para a tarifa deveria ter sido acordado até agosto de 2023, mas não houve consenso.
Além das questões energéticas, foram discutidos assuntos comuns da América Latina, incluindo a crise de segurança pública no Equador e a presidência rotativa do Mercosul, atualmente sob responsabilidade do Paraguai.