O comércio Brasil-EUA também foi marcado pelo aumento nas importações brasileiras de produtos norte-americanos. As importações cresceram 6,9%, totalizando US$ 40,6 bilhões. Foto: Rawpixel via Governo Federal
Comércio exterior
Brasil registra crescimento histórico nas exportações para os EUA
Vendas para o principal parceiro comercial no ano passado superaram os US$ 40 bilhões, um feito inédito
As exportações brasileiras para os Estados Unidos alcançaram um marco histórico em 2024, com o Brasil superando pela primeira vez a marca de US$ 40 bilhões em vendas para o principal parceiro comercial. De acordo com o estudo Monitor do Comércio 2024, divulgado pela Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil), as exportações brasileiras somaram US$ 40,3 bilhões no ano, um crescimento expressivo de 9,2% em comparação com 2023. O volume de produtos exportados também atingiu um número recorde de 40,7 milhões de toneladas, representando um aumento de 9,9% sobre o ano anterior.
Este desempenho robusto das exportações brasileiras se destaca especialmente em um contexto global de retração das vendas brasileiras. Em 2024, as exportações totais do Brasil para o mundo caíram 0,8%, mas as vendas para os Estados Unidos se mantiveram em uma trajetória positiva, com crescimento de 9,2%. Esse resultado é ainda mais relevante ao ser comparado com o desempenho das exportações brasileiras para outros grandes mercados, como a União Europeia (+4,2%), a China (-9,5%) e o Mercosul (-14,1%).
Abrão Neto, CEO da Amcham Brasil, ressaltou a importância do comércio com os EUA para a economia brasileira em 2024: “O comércio com os EUA produziu ganhos significativos para a economia brasileira em 2024, movimentando um conjunto amplo de setores produtivos, com destaque para a indústria. As exportações brasileiras de produtos industriais tiveram recorde de US$ 31,6 bilhões, reafirmando a posição dos EUA como o principal destino para bens brasileiros com maior agregação de valor”.
A indústria brasileira teve papel central no alcance desse recorde comercial. As exportações do setor industrial para os EUA somaram US$ 31,6 bilhões, representando um incremento de 5,8% sobre 2023. O setor de transformação, que inclui produtos como aeronaves, maquinaria e equipamentos eletrônicos, foi o grande responsável por esse crescimento, representando 78,3% de todas as exportações brasileiras para os Estados Unidos. Com esse desempenho, os EUA mantiveram-se como o principal destino das exportações industriais brasileiras pelo nono ano consecutivo, superando mercados tradicionais como a União Europeia (US$ 22,4 bilhões) e o Mercosul (US$ 18,8 bilhões).
Entre os produtos que se destacaram nas exportações brasileiras para os EUA em 2024, estão o petróleo bruto, aeronaves, café, celulose e carne bovina. O relatório da Amcham mostrou que, entre os dez principais itens exportados, oito apresentaram crescimento em valor em relação ao ano anterior. Esse aumento refletiu a competitividade das exportações brasileiras, que continuaram a apresentar alto valor agregado, com destaque para o setor de energia e o agronegócio.
O comércio bilateral Brasil-EUA também foi marcado pelo aumento nas importações brasileiras de produtos norte-americanos. As importações cresceram 6,9%, totalizando US$ 40,6 bilhões. A maior parte desse crescimento foi impulsionada pela compra de gás natural, que respondeu por 55% do aumento nas importações. O aumento na demanda por gás foi provocado pela estiagem em várias regiões do Brasil, que afetou a geração de energia hidrelétrica e aumentou a necessidade de termelétricas para suprir o consumo de eletricidade.
Além do gás natural, outros produtos que tiveram aumento nas importações incluem motores, máquinas não elétricas e aeronaves. Esses itens são essenciais para diversos setores da economia brasileira e destacam a importância da relação bilateral para o desenvolvimento de indústrias chave, como a de infraestrutura e tecnologia.
O volume total de comércio entre Brasil e Estados Unidos em 2024 atingiu US$ 80,9 bilhões, um aumento de 8,2% em relação ao ano anterior. Esse valor representa o segundo maior da série histórica, atrás apenas do recorde registrado em 2022, quando o comércio bilateral alcançou US$ 85,2 bilhões.
Perspectivas
O comércio entre os dois países tem mostrado uma evolução contínua e, para 2025, as perspectivas permanecem positivas. Segundo estimativas da Amcham Brasil, com o crescimento das economias brasileira e norte-americana, o fluxo comercial deverá seguir robusto. A Organização Mundial do Comércio (OMC) projeta um crescimento de 3% no comércio internacional de bens em 2025, enquanto o Fundo Monetário Internacional (FMI) espera que o PIB dos EUA cresça 2,8% e o do Brasil 2%.
“Com a demanda em expansão nos dois países, esperamos que o fluxo comercial em 2025 se mantenha robusto, próximo dos valores mais altos da série histórica recente. No entanto, é crucial monitorar as elevadas incertezas internacionais”, alertou Abrão Neto.