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O requerimento para a audiência na Comissão de Desenvolvimento Econômico foi apresentado pelo deputado Sidney Leite, que alertou para as más condições da rodovia (Foto: Mario Agra/Câmara dos Deputados)

Nacional

Câmara debate impacto econômico da BR-319 no Norte

Atualizado em: 25 de abril de 2024 às 3:37
Yousefe Sipp Enviar e-mail para o Autor

São 400 km de estradas que ainda se encontram sem pavimentação na rodovia, o que deixa o Amazonas praticamente isolado

O impacto econômico que a precariedade das estradas na BR-319 causa nos estados da Região Norte foi tema de discussão na Comissão de Desenvolvimento Econômico da Câmara dos Deputados na quarta-feira (24). A rodovia é parte do único caminho viário de integração da capital amazonense, Manaus, ao resto do país.

O requerimento para a audiência foi apresentado pelo deputado Sidney Leite (PSD-AM), que justificou o debate devido às más condições da rodovia. São 400 km de estradas que ainda se encontram sem pavimentação na BR-319, o que deixa o Amazonas praticamente isolado, dificultando tanto a entrada de produtos quanto o escoamento da produção da Zona Franca de Manaus.

“Alternativas logísticas devem ser pensadas e uma delas é justamente a reforma na BR-319, que propiciará ganhos econômicos sensíveis para o estado do Amazonas”, afirmou Leite.

O diretor de Planejamento e Pesquisa do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luiz Guilherme de Mello, disse que o órgão já está em desenvolvimento das tratativas para a reconstrução da BR-319. Estão sendo realizados estudos complementares solicitados pelo Ibama para destravar as licenças ambientais do empreendimento.

“Não só a reconstrução do pavimento em si, mas também a substituição de todas as pontes de madeira por pontes de concreto, atendendo, assim, até mesmo uma questão ambiental. Do ponto de vista da engenharia, o que nós fizemos foi realizar uma atualização e uma solução para abordar também o número de passagens de fauna, seja subterrânea ou aérea”, disse Mello.

Lúcio Flávio de Oliveira, presidente-executivo do Centro de Indústrias do Estado do Amazonas, afirmou que o setor precisa ter disponibilidade de todos os modais de transporte possíveis e que superar nosso isolamento rodoviário é conectar a região Norte com o restante do país. “Esse isolamento provocou no ano passado um aumento de custo logístico de 1,4 bilhões de reais do que foi levantado, sem considerar as perdas e prejuízos de venda”.

O coordenador-geral de desenvolvimento da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), Igor Costa, destacou o potencial que o projeto tem de melhorar economicamente os municípios do entorno da rodovia. “Sair de uma realidade que já permeia há muitos anos para que a gente possa gerar impactos para a região amazônica de forma geral, que necessita dessa comunicação mais do que urgentemente”.

A representante do Ministério dos Transportes, Paloma Campos, explicou que a pasta instituiu em novembro de 2023 um grupo de trabalho com a finalidade de avaliar a otimização da infraestrutura da rodovia, coletando as opiniões da sociedade civil, das comunidades indígenas, quilombolas e de todos os órgãos envolvidos no processo de pavimentação. “O relatório está em fase de conclusão e quase pronto para ser publicado”, declarou.

Prejuízos ambientais

Em contrapartida, Philip Fearnside, pesquisador no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), sugeriu que os impactos da rodovia para o polo industrial seriam mínimos, destacando que a melhoria da infraestrutura de acesso poderia aumentar os crimes ambientais, como grilagem e desmatamento.

Fearnside argumentou que o projeto de recuperação da BR-319 não é economicamente viável, acarretando prejuízos de aproximadamente 316 milhões de reais. Além disso, afirmou que o transporte via navios oceânicos (cabotagem) pelo Porto de Santos, em São Paulo, é 37% mais barato do que a rota atual, proporcionando um maior custo-benefício para o escoamento da produção. “A solução ideal para Manaus é fazer um porto adequado para levar esse frete de navios”.

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