Carta Sul Export defende investimentos em acessos 

Documento reúne os principais pontos destacados durante o fórum regional

Os portos da Região Sul demandam, com urgência, novos acessos rodoviários, em uma estratégia para ampliar a eficiência logística de suas operações. Também são necessárias mais e melhores ligações ferroviárias, otimizando a conexão dessas regiões com os principais centros consumidores do País. Estes são alguns dos pontos destacados na Carta Sul Export 2024, documento que reúne os mais importantes pontos defendidos por autoridades e lideranças empresariais durante os dois dias do evento, realizado na semana passada, nos dias 25 e 26 de março em Balneário Camboriú (SC).

Apresentada com exclusividade pelo BE News, a carta também aponta a importância das concessões e dos arrendamentos de terminais portuários e aeroportos nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, incluindo o canal aquaviário do Porto de Paranaguá (PR) – iniciativas que “devem ser acompanhadas de perto pela iniciativa privada e suas entidades representativas, com participação ativa na busca pelos resultados desejáveis para o setor”.

Confira a seguir o documento na íntegra.

Carta do Sul Export 2024

O estado de Santa Catarina recebeu pela segunda vez nos últimos três anos o Sul Export – Fórum Regional de Logística, Infraestrutura e Transportes. O encontro corporativo reuniu mais de 150 autoridades e lideranças empresariais nos dias 25 e 26 de março e discutiu a infraestrutura logística e o mercado de negócios dos três estados da Região Sul, com a promoção de debates, visitas técnicas e encontros de relacionamento.

Entre as autoridades presentes em território catarinense, destaque para as participações de Mariana Pescatori, secretária-executiva do Ministério de Portos e Aeroportos; Douglas Alencar Rodrigues, ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST); Benjamin Zymler, ministro do Tribunal de Contas da União (TCU); e Beto Martins, secretário de Portos, Aeroportos e Ferrovias do Governo de Santa Catarina.

O território catarinense é marcado por muitas particularidades quanto à infraestrutura logística. Apesar de contar com um setor produtivo forte e com grande diversidade de portos públicos e terminais portuários privados, é latente a necessidade de criação de acessos ferroviários a seus principais equipamentos logísticos e a construção de uma melhor conexão com os principais centros consumidores do País. O tema “acessos”, muito enfatizado nos demais fóruns regionais promovidos pelo Grupo Brasil Export, também esteve presente na quase totalidade dos debates realizados no município de Balneário Camboriú, sede do encontro.

A secretária-executiva Mariana Pescatori fez uma detalhada apresentação indicando concessões e arrendamentos planejados para os portos e aeroportos instalados nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, incluindo o canal aquaviário do Porto de Paranaguá (PR). O projeto, que deve ser licitado em 2025, prevê investimentos de até R$ 1 bilhão por parte da iniciativa privada. Além da concessão do canal de Paranaguá, está previsto para o ano que vem o arrendamento definitivo do terminal de contêineres do Porto de Itajaí (SC). Os investimentos privados previstos para a região são de pouco mais de R$ 2,8 bilhões, envolvendo leilões de 16 áreas, inclusive dois arrendamentos em Paranaguá – PAR14 e PAR15 – e um em Rio Grande (RS), o RIG10. Todas essas ações devem ser acompanhadas de perto pela iniciativa privada e suas entidades representativas, com participação ativa na busca pelos resultados desejáveis para o setor.

Outro importante projeto logístico em andamento que muito impacta a região Sul é a licitação da dragagem da hidrovia da Lagoa Mirim-Lagoa dos Patos, que irá viabilizar uma importante ligação aquaviária entre o Brasil e o Uruguai. Somente em obras de dragagem e eclusas serão investidos R$ 400 milhões.

Em relação ao universo aeroportuário, o principal foco apontado pelo Ministério reside nas concessões de aeroportos regionais com o objetivo de obter maior celeridade na busca por investimentos. O Governo Federal está monitorando sete aeroportos da região Sul dentro da iniciativa de estratégia de repactuação de contratos existentes, em parceria com o Tribunal de Contas da União (TCU). São eles: Correia Pinto (SC); Cascavel, Guarapuava, Pato Branco e Ponta Grossa (PR); Santa Maria e Torres (RS). A ideia é que esses terminais sejam cedidos para a administração da iniciativa privada.

Ainda sobre o TCU, o ministro Benjamin Zymler brindou os presentes com uma análise sobre a Secretaria de Controle Externo de Solução Consensual e Prevenção de Conflitos (SecexConsenso), que pouco mais de um ano após sua criação tem 100 pedidos de solução consensual para serem analisados. Segundo ele, 12 propostas já foram analisadas, sendo seis delas com acordos finais entre o setor público e privado. 

Os debates técnicos do fórum regional também destacaram a urgência para a implantação de uma ligação rodoviária entre os litorais do Paraná e de Santa Catarina, com o intuito de melhorar a eficiência da logística de transportes junto aos portos da região. Hoje, 80% das cargas movimentadas pelo Porto de Paranaguá, por exemplo, estão concentradas no modal rodoviário a partir do acesso único pela BR-277, rodovia sujeita a desastres naturais por sua ligação planalto-planície.

Os executivos dos terminais portuários participantes do encontro enfatizaram os ganhos proporcionados por investimentos em inovação e modernização nas operações, especialmente através da contratação de profissionais para agilizar processos primários, fortalecendo a inteligência de mercado. A automatização das operações no segmento logístico é fundamental para reduzir a subjetividade nas decisões, destacando a implementação de tecnologias como operações remotas e ganhos de escala nos serviços oferecidos ao mercado, com impacto direto na ampliação da competitividade da região Sul e, por consequência, de todo o Brasil.