O governador do Ceará, Elmano de Freitas, secretários e representantes do Grupo de Trabalho do Hidrogênio Verde assistiram à apresentação no Palácio da AboliçãoCrédito: Divulgação/Governo do Ceará
Região Nordeste
Ceará: alemães e Banco Mundial apresentam estudos a partir do hub de hidrogênio verde
Foram discutidas possibilidades que podem surgir com a nova operação
O governador do Ceará, Elmano de Freitas, reuniu na quarta-feira (17), no Palácio da Abolição, secretários de Estado, representantes das universidades e do setor privado para a apresentação dos estudos sobre o desenvolvimento e o uso de energias renováveis do hub de hidrogênio verde (H2V) que será implantado no Complexo do Pecém.
Os estudos foram desenvolvidos pela agência alemã de cooperação internacional GIZ, e o Banco Mundial. Ambos são parceiros do Grupo de Trabalho do Hidrogênio Verde do Ceará, que é formado por representantes do Governo do Ceará; Universidade Federal do Ceará; Federação das Indústrias do Ceará (Fiec); e Complexo do Pecém; além de outras instituições.
O estudo da GIZ, apresentado de forma virtual por Jorge Boeira, CEO da Cognitio Consultoria, compreende o impacto do H2V na indústria brasileira e avalia o potencial doméstico para fornecer os vários componentes da cadeia produtiva de H2V no Ceará.
Segundo Boeira, a conclusão é que aproximadamente 50% do valor dos equipamentos e insumos que compõem a planta de hidrogênio verde podem ser produzidos pela indústria nacional.
No Ceará, há oportunidades para as pequenas e médias empresas, especialmente nos setores em que já existem competências no estado: produtos de metalurgia, insumos químicos, materiais elétricos e serviços.
Sobre os desafios, o setor ainda necessita de regulação, incentivos e financiamento adequados, melhoria da infraestrutura de transporte e logística para a distribuição.
O estudo propõe ainda uma Agenda de Competitividade e Estratégia Integrada, com ações que compreendem a difusão do conhecimento e das oportunidades de H2V; melhoria da infraestrutura do Estado; e um programa de estímulo ao consumo do combustível no Ceará e no Nordeste.
Já o estudo do Banco Mundial, realizado sob solicitação do Governo do Ceará, trouxe resultados da análise estratégico-financeira da implementação do Programa Renda Social, obtida a partir da produção de energia solar. O estudo foi apresentado de forma virtual pelo diretor do Banco Mundial, Carlos Costa.
O foco do projeto piloto será em comunidades dos municípios de Caucaia e São Gonçalo do Amarante, na região do Complexo do Pecém (CIPP). A ideia é implantar usinas solares que serão geridas pelas comunidades para atender, com o apoio do Estado, áreas como agricultura familiar, educação, saúde e abastecimento.
A secretária da Ciência, Tecnologia e Educação Superior, Sandra Monteiro, pontuou o papel das universidades e instituições de pesquisa nesse projeto. “Fiquei muito feliz porque os dois estudos trazem oportunidades. As universidades, para além da academia, devem ter um olhar para o empreendedorismo e gestão pública. Integração é a palavra-chave para o desenvolvimento”.
O governador pontuou que os estudos serão fundamentais para compreender melhor os desafios e as oportunidades na descarbonização e uso das energias renováveis para promover inclusão social.
“Uma mudança de matriz energética é um processo que exige muito esforço para que aconteça. Estamos em uma fase de construção, conversando com os investidores e trabalhando para incluir os excluídos”, disse Elmano.
Ainda segundo ele, os investimentos em hidrogênio verde servirão para industrializar o Ceará e o Nordeste brasileiro.
“Não queremos só produzir. Queremos também desenvolver a capacidade tecnológica para o nosso povo produzir. Precisamos ainda de regulamentação para fortalecer o diálogo do Brasil com o mundo. Temos muito trabalho a realizar para fazer história e mudar ainda mais a vida dos cearenses”, afirmou.
A secretária das Relações Internacionais, Roseane Medeiros, falou que os estudos demonstram a importância das parcerias para o desenvolvimento dos projetos de hidrogênio verde no Ceará.
“Agora, nosso grande desafio é que a primeira planta comece a se viabilizar. A partir disso, a cadeia econômica se movimentará e a vida das pessoas mudará. O momento é de trabalhar”, afirmou.
O presidente do Complexo do Pecém, Hugo Figueiredo, enfatizou que o Ceará ocupa uma posição diferenciada no movimento mundial de transição energética, inclusive com 30 memorandos assinados com empresas interessadas na produção.
Destes, três já avançaram a pré-contratos selados e têm área reservada na Zona de Processamento de Exportação (ZPE) do Ceará: Fortescue, Casa dos Ventos e AES. A soma de investimento é estimada em US$ 8 bilhões.