O problema da falta de armazéns para estocar grãos e outros assuntos foram debatidos durante o painel “Desenvolvimento de corredores logísticos na região Centro-Oeste”Crédito: Divulgação/Brasil Export
Região Centro-Oeste
Centro-Oeste já não tem mais armazéns para estocar soja e milho, diz Edeon Vaz
Presidente do Movimento Pró-Logística Mato Grosso pediu melhorias na política de crédito para a construção de novas unidades
O Centro-Oeste brasileiro já não tem mais armazéns para estocar soja e milho e já registra colheitas dos grãos ficando do lado de fora dos galpões. O cenário, considerado o maior problema da região aos olhos de Edeon Vaz Ferreira, presidente do Movimento Pró-Logística Mato Grosso e do Conselho do Centro-Oeste Export, vai se agravar se nada for feito, considerando as estimativas que apontam safras ainda maiores ano após ano.
Edeon falou sobre o assunto durante sua participação no painel “Desenvolvimento de corredores logísticos na região Centro-Oeste”, debatido na terça-feira (8), no Fórum Centro-Oeste Export, realizado na cidade de Sorriso (MT). O Fórum Regional de Logística, Infraestrutura e Transportes é uma iniciativa do Grupo Brasil Export, com realização da Una Media Group, produção da Bossa Marketing e Eventos e mídia oficial do BE News.
Vaz acredita que é necessário melhorar o setor de armazenagem, com “grandes investimentos em armazéns”, além de melhorar a política de crédito para o segmento.
“O maior problema do Centro-Oeste hoje é a armazenagem para soja e milho, que estão ficando do lado de fora dos armazéns por falta de espaço”, citou.
Ele explicou que existe uma demanda de pequenos, médios e grandes produtores que não consegue ser contemplada pelo Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA), linha de crédito do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento) voltada ao segmento.
“Precisamos de política de crédito, de novos modelos, com maiores recursos. Temos uma demanda de produtores que não consegue ser contemplada pelo programa com o volume de recurso necessário para investir em estocagem. A gente precisa modernizar o acesso ao recurso, para que possam investir na construção de armazéns estratégicos, a nível de fazenda”, disse.
Edeon explicou que com mais espaço para estocagem da safra, é possível administrar melhor o fluxo de carga que vai para os portos. “Assim, todos os modais conseguem manter uma constância, o que reflete também em investimentos em hidrovia, ferrovia”, exemplificou.
No Brasil, segundo o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA), divulgado pelo IBGE em junho, o Mato Grosso lidera a produção nacional de grãos e possui a maior capacidade de armazenagem do país, com 47,5 milhões de toneladas.
Além de Edeon, participaram do painel Ellen Capistrano Martins, superintendente da ANTF (Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários) e diretora da CNT (Confederação Nacional do Transporte); Adalberto Tokarski, consultor e ex-diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq); e de forma remota João Carlos Parkinson de Castro, ministro de carreira diplomática do Ministério das Relações Exteriores. A moderação foi feita pelo jornalista e diretor de redação do BE News, Leopoldo Figueiredo.
Os painelistas também falaram sobre a urgência de implementar ferrovias capazes de ampliar a capacidade de escoamento da produção regional, como a Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (Fico), a Ferronorte e a Ferrogrão, e da ampliação da participação do modal hidroviário.